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sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Realeza (Ailton Maciel)





















Lenta, calma, tristonha a noite corre.
E preclara, sem pejo, surge a aurora.
E a mesma luz, o mesmo sol me cora.
O mesmo dia em cada noite morre.

Assim a vida pelo além percorre,
e em cada passo minh'alma triste chora,
e com perrice a dor no peito mora,
e à mesma luz o meu viver recorre.

Triste, sem amor, cansado, fatigante,
sem pão, sem lar, com a voz quase ofegante,
eu piso nos espinhos da tristeza!

E embora no viver dos mais tristonhos,
eu canto amor no campo dos meus sonhos,
e choro a dor no altar da realeza.

Fortaleza, 21/9/59
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