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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Cinco livros novos (Nilto Maciel)




Minhas mesas estão repletas de livros novos. Não consigo ler todos, por falta de tempo. Não, não é bem assim. Retifico a informação: não consigo ler tudo. De muitos, leio algumas páginas. De poucos, leio todas. Hoje darei notícia de cinco dessas publicações. Os autores são Alan Mendonça, Carlos Herculano Lopes, Edna Rezende, Ludmila Maurer e Waldy Sombra. Que me desculpem a mistura. Poemas com narrativas, estudos com biografias, homens com mulheres, jovens com idosos, dois cearenses com dois mineiros e uma paulista. Assim é o Brasil.

Alan Mendonça conheci recentemente, numa viagem a Limoeiro do Norte, Ceará. Tenho recebido impressos e cartas de Carlos Herculano, desde o tempo em que morava em Brasília. Com Edna estive algumas vezes na capital federal. Participo, com Ludmila, de um concurso literário, como leitor/julgador. Waldy deve ser o mais antigo dos cinco, porém só o vi na noite de autógrafos de sua obra.

(Alan Mendonça)

Do jovem Alan Mendonça é A desmedula da seta (Fortaleza, Secult, 2011), premiado em 2009, pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará. São poemas de variados feitios, em 78 páginas. A apresentação é do escritor Jorge Pieiro. Segue-se pequeno texto de Pedro Salgueiro. Então se inicia o desfile dos versos, assim: “Ontem, / um homem segurava balões coloridos / e empurrava, levemente / um carrinho de picolé / em uma dessas ruas de à tardinha”. Singeleza, simplicidade. Alan nasceu em Fortaleza (1977), onde vive. O autógrafo é do dia 12 de agosto, em Limoeiro do Norte.


 
Poltrona 27 (Rio de Janeiro: Record, 2011), romance do veterano Carlos Herculano Lopes, tem 174 páginas e apresenta na primeira aba opiniões de alguns conhecidos escritores. A de Ronaldo Cagiano é esta: “Carlos Herculano Lopes traz para a sua fina confecção literária um rico material, a partir das circunstâncias, dos cenários urbano e rural, dos detalhes e instantâneos muitas vezes imperceptíveis, pontuando sua carreira com obras de diversos gêneros”. A narrativa tem este começo: “A noite estava escura e uma chuva fina, que havia começado pela manhã, não parava de cair”. Linguagem simples, quase coloquial. E assim segue por todos os 37 capítulos, que não têm títulos. Nem os tradicionais diálogos com travessão. As falas estão inseridas na própria narração, como aqui se vê: “Que coisa terrível aconteceu lá na sua terra, não foi?, eu disse, me referindo a quarto pessoas que, poucas semanas antes, quando faziam um piquenique, haviam morrido afogadas no Rio Turvo”. Beleza de narração. E assim é todo o romance.


 
O sorriso atrás da porta (São Paulo: Escrituras Editora, 2011) é o conjunto de poemas de Edna Rezende, enviado por ela no início de agosto. Nas abas, João Bosco Bezerra Bonfim anotou: A poetisa “não faz versos sobre acontecimentos, embora, à moda de causos, algumas narrativas se encham se lirismo como em ‘Triteísmo’, a fábula em que três irmãos amavam a moça solitária, que termina com um merencório Solitária,/ queixa-se à Santíssima Trindade. A escritora sabe que, para além de muitas emoções, a poesia é também tingida pela reflexão, como em ‘Perda’, que recorda o poema de Alphonsus de Giumaraens na epígrafe: Tantas noites de lua se passaram / e não me banhei na neblina luminosa, (…) Como querer, agora, a loucura de Ismália?” Há também uma apresentação de Wilson Pereira, que opinou assim: “Entre as virtudes da autora, há de se destacar a capacidade de síntese. De fato nos poemas curtos há contenção, densidade semântica e poética” (…).


De Ludmila Maurer recebi Máximas da modernidade tardia: um convite à reflexão (Nova Friiburgo/RJ: Marca Gráfica e Editora, 2009), com uma dedicatória poética: “Ao já querido Nilto, amigo que tem a alma fincada no centro da palavra”. O volume é composto de 11 estudos curtos. No prefácio, Carlos D. Fregtman afirma: “A obra de Ludmila Maurer nos convida à contemplação do mundo de uma forma diferente, de múltiplos olhares e concepções complementares da realidade. (…) Ludmila nos mostra a encruzilhada atual do planeta, desde sua perspectiva de mulher brasileira contemporânea, traçando pinceladas das tendências subjacentes que começam a configurar um mundo novo”. A autora é formada em Letras, Língua Inglesa e neuro-linguística e ramificações e pós-graduada em Leitura Textual.

(Waldy Sombra)

Por último, vem o mais veterano dos cinco: Waldy Sombra, com Moreira Campos: professor de histórias e de amizade (Fortaleza: Premius, 2011). Compareci à sessão de autógrafos (14/6/2011), no Centro Cultural Dragão do Mar, mais por admiração pelo contista. O livro tem apresentação de Caio Porfírio Carneiro, outro monstro da prosa de ficção. Trata-se de “um perfil de corpo inteiro do homem e escritor José Maria Moreira Campos, esboçado notavelmente pelo talento de Waldy Sombra”. E mais: “A biografia completa está aqui, em traços ligeiros, de um homem de clásse media do Ceará, com seus naturais percalços, alegrias e dificuldades para vencer na vida” (…).

Mando agradecimentos públicos aos cinco escritores e, mais uma vez, peço desculpas por dedicar tão poucas linhas a seus livros, assim como por tratar de todos num só artigo, pois sei que cada um merece não apenas um artigo, mas estudos e mais estudos.

Fortaleza, 22 de agosto de 2011
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