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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Vida a ser (Pedro Du Bois)




Sou rastro incompleto da pisada
célere e anônima da descoberta:
estive em todos os lugares e retirei
a sina compensatória onde as histórias
intocadas; estive no altiplano e o desdobrei
em cordilheiras: cruel maneira de rasgar
o ventre de quem morreu primeiro; sou
o arrebol na luz matutina envolvendo
estrelas e descobrindo florestas
enredadas em torres sob árvores: ciente
do mistério sou a fertilidade da renovação
da espécie, útero plasmado em netos;
desnudado olhar ao ventre; sou o antepasto
do carrasco testando o aço da purificação;
sou o ranger da corda estendida
no quadro humanizado dos não nasceres:
tenho os pés pesados do trajeto e me vejo
incólume no sofá da sala ao anoitecer;
sou o verbo não conjugado
da certeza: a vida e o ser.




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