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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A mentira de Narciso (Teresinka Pereira)




Qual foi a mentira
que pôs uma barreira
no caminho
onde a liberdade morria
no meio do verso?

De agora em diante a poesia
vai ficar delicada
como um beijo de despedida.

Para que desejar que tudo
fosse diferente, e que a vida
desse uma grande patada
em alguém que se põe
de joelhos para rezar?

Não há nenhum deus no céu
e a soberbia de quem confiou
em seu nome cai sem armas.
Sou poeta, assim que morra,
serei imortal.

Estes versos não têm sol nem alegria.
Estou enamorando-me
de mim mesma como um Narciso
perdido no fervor dos tempos.

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