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sexta-feira, 10 de maio de 2013

Os leitores de Moreira Campos: primeira geração (Nilto Maciel)

(Continuação de "Uma consulta via Internet")

 

Os respondedores das duas perguntas (Você conhece Moreira Campos? Já leu algum livro dele?) estão assim divididos: um terço são cearenses ou residentes no Ceará; dois terços de outros Estados. Da primeira geração após a de Moreira Campos são apenas oito. O grande número é composto de pessoas nascidas a partir dos anos 1940. Um pouco mais da metade declarou ter conhecimento do ficcionista, enquanto os demais disseram não ter notícia dele. (Neste aspecto, há dúvidas, pois alguns afirmam conhecer o autor, porque leram uma ou duas de suas composições ou meras informações biográficas dele). Há igual proporção entre leitores e não-leitores.

      Iniciemos pela geração subsequente à de Moreira Campos (nascidos nos anos 192o e 1930). São conhecidos no meio literário, respeitados pelos confrades e pela crítica (se ainda se puder mencionar este vocábulo). São poetas, contistas e romancistas de valor, embora não sejam célebres. Dois mineiros, dois cearenses, uma catarinense, um piauiense e um acreano (meio cearense). Um deles (aliás, uma delas), Astrid Cabral, não conhecia nenhuma página do contista.

Anderson Braga Horta (mineiro, 1934, radicado em Brasília): “Claro que conheço o excelente contista cearense Moreira Campos. Lembro que o nosso Almeida Fischer gostava imensamente dele e sobre ele escreveu diversas vezes, tendo-lhe publicado 10 contos escolhidos pela Horizonte, aqui em Brasília”.

Caio Porfírio Carneiro (cearense, 1928, radicado em São Paulo): “Mandei para você um artigo longo sobre Moreira Campos. Está no meu livro Perfis de memoráveis. Fiz um resumo de tudo, no livro, da minha convivência com ele. Tenho comigo toda a obra dele, um dos seus livros — Os doze parafusos — ele ofereceu para mim e para o Jorge Amado, o meu nome primeiro, modéstia à parte. Tenho várias cartas dele, precisando, posso lhe dar mais informações. Era um irmão querido, embora mais velho e mais talentoso”.

Edla Van Steen (catarinense, 1936, vive em São Paulo): “Nilto, claro que eu conheço Moreira Campos. Desde que eu comecei a dirigir a coleção Melhores Contos da Global, quero incluir um volume com os dele. Mandei carta para ele quando estava vivo, mas o endereço estava errado, porque voltou. (Ricardo Ramos é que ia fazer a seleção e o prefácio.) Depois que Moreira Campos morreu, tentamos nos comunicar com a família para conseguir autorização e, sinceramente, ninguém respondeu.  Procurei inclusive a Maltese para saber endereço etc. Não é uma pena? Eu quero, e muito, publicar Melhores contos de Moreira Campos. Você pode me ajudar?”

Esdras do Nascimento (piauiense, 1934, residente no Rio de Janeiro): “Conheço, sim. É um dos maiores contistas brasileiros de todos os tempos. Li tudo que ele escreveu e publicou. Existe edição de obras completas de Moreira Campos feita por uma editora de São Paulo”.

Ivo Barroso (Ervália, MG, 1929):Tive a satisfação de conhecer Moreira Campos pessoalmente em 1957, em Fortaleza, quando ele acabava de lançar seu livro de contos Portas fechadas. O livro me agradou tanto que, de volta ao Rio, escrevi uma resenha sobre ele para o Semanário, jornal do PC na época”.

Jorge Tufic (acreano, 1930, radicado em Fortaleza): “Conheço Moreira Campos através de contos de sua autoria transcritos por revistas, jornais e antologias, mas guardo sua figura de homem e funcionário da Universidade do Ceará, esgueirando-se entre colunas e corredores desse prédio histórico onde ele trabalhava”.

Sânzio de Azevedo (Fortaleza, 1938): “Não só conheci Moreira Campos, como fui amigo dele, e colega no Curso de Letras e na Academia Cearense de Letras (ingressei em ambos no ano de 1973). Escrevi várias vezes sobre ele, inclusive a introdução da obra completa (contos), organizada pela Natércia Campos, também minha amiga”.

(Continua)


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