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sábado, 31 de agosto de 2013

Poema (Carlos Nóbrega)
















O pai, a mãe
que os seus ossos
transmitiram-me

duas amantes,
a me cuidar
do que é da carne

sete bispos
alvejando
a minha alma

dois polícias
para o zelo
do meu ouro

um inimigo
que me salve
à indiferença,

Nenhum me dá
um bem maior
do que o poente.

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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Testemunho (Pedro Du Bois)




 











Sou testemunha circunstancial:
não guardo mágoas
não transbordo
viajo em barco atracado
no cais da eternidade
(traduzo: espaço perdido
 no tempo confundido em lastro).

Avisto a terra conhecida e do alto
do mastro aviso aos navegantes:
terra entrevista
              terra até a vista.

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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Sobre “Como me tornei imortal” (Badida Campos)



Nilto amigo: adorei o livro! 
Que pena senti de você não ter tido a "ousadia" de levar seus originais para a aprovação de Paizinho. Tenho certeza de que seria imediata. (No seu sonho, meu pai conversando com Tchecov!! Maravilha!!) Fiquei saudosa quando li que Pedro Salgueiro planejou uma reunião no bosque da Faculdade de Letras e minha mãe e irmã Natércia compareceram. Ri com o Hermes "brasiliano" ter lhe alcançado de chinelos e calção. E o final, delicioso: "Eu continuei mortal." Braga Montenegro, Francisco Carvalho, Adriano Espínola (meu primo, filho de tia Dulce e de Hildebrando Espínola - um dos homens mais inteligentes que conheci), Carlos d'Alge (foi meu chefe na Reitoria), Milton Dias (com o seu francês impecável), Caetano Ximenes, todos amigos íntimos de paizinho. O poeta F. Carvalho dizia sempre uma frase que eu adorava: “Minha irmã, sinto falta de namorados à tua janela." Belo o seu implícito agradecimento ao amigo Batista: "E logo o recinto se foi enchendo de estudantes... e os aplausos ressoaram fortes, vibrantes."  Gostei de Gilmar de Carvalho por ele gostar de meu pai. Bela e comovente a sua crônica sobre paizinho!! Lindo quando você diz (a mais pura verdade): "Outra grande virtude dele era a modéstia." Amei você dizer que Carlos Emílio, logo no primeiro dia, percebeu a sua indigência intelectual. Só vai rindo!!!Outra crônica que me fez rir muito: "Felipe Barroso e a Memória". "Revelou o nome do seu próximo documentário: "Subversivos". Interessado no assunto, pus-me a mentir." KKKK...Dimas Carvalho - genial:"ser que nasceu bem antes do princípio." Adoro seus excessos! "Pus-me a ler (o livro de Soares Feitosa) e me fui fascinando. Sentei-me para não desmaiar." Verdadeiro pesadelo: o dilúvio molhando seus livros e os de Tércia e depois o avião dando susto na volta para a terrinha. E o final precioso: "Acorda, Niltão..." Você quando fala das amigas, tem sempre um jeito doce e misterioso. Elas são quase inacessíveis, como Carmélia Aragão. Castelo de areia. Ainda rindo: "... além do haxixe e outras plantas medicinais".
Parabéns, amigo. Parabéns de verdade. Abraço muito carinhoso. Badida

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Dizimados pela erva-mate (Manoel Hygino)





O preço do mate no Brasil está aumentando. A produção da erva está diminuindo e os usuários do chimarrão já reclamam. Vale a pena voltar ao passado e conhecer a história das gerações de brasileiros que se dedicaram à exploração dessa riqueza. Hernâni Donato é autor de um livro, ficção por sinal, que trata do tema. Recentemente falecido, Donato deixou uma obra que merece ser lida, já com quatro edições (a mais recente da Letra Selvagem, de Taubaté, SP), um filme que representou o Brasil no Festival de Veneza em 1959 e duas peças teatrais. 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A loba da eternidade e os seios de Silvana (Nilto Maciel)





Conheci Silvana Paluzzi em Fortaleza. Achava-se de férias. Vivia (ou vive) em Roma (pai italiano e mãe cearense). Pretendia conhecer pessoas de letras daqui. Não sei como chegou ao meu endereço virtual. Apresentou-se: Silvana Pires Magalhães Paluzzi, leitora de Dante, Dino Buzzati, Giovanni Papini, Umberto Eco, Italo Calvino e uma infinidade de nomes esquisitos. Tencionava me impressionar, é claro. Não achava interessante começar pelo singular e, só depois, chegar ao plural? “Não posso levá-la à presença de duas centenas de homens e mulheres. Comece por mim”. E lhe dei meu endereço residencial. Veio. Deve ter sido de táxi. 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Chamada (Poeta de Meia-Tigela)



                  (Manuel Soares Bulcão Neto, 1963 - 23/8/2012)

- Bernivaldo Carneiro?
- Presente.

- Brennand de Sousa?
- Presente.

- Carlos Nóbrega?
- Presente.

- Carlos Vazconcelos?
- Presente.

- Frederico Régis?
- Presente.

- Luciano Bonfim?
- Presente.

- Manuel Bulcão? Manuel Bulcão?


1 ano sem Bulcão, hoje. Dediquemos alguns instantes do dia à evocação da boa lembrança de nosso amigo, amigos. 

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