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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Sobre “Amantes nas entrelinhas” (Tânia Du Bois)




 
A vida se resume em entrelinhas: os momentos são vividos entre o amor romântico e o real; a paisagem é vista entre vidraças; a voz ecoa entre os ruídos; as palavras são ditas nas estrelinhas do tempo; a emoção é sentida entre a alegria e a tristeza; as mãos se tocam entre os sentidos; o beijo permanece entre os lábios; o sol brilha entre nuvens; a amizade reflete entre os encontros e desencontros e o livro é escrito em estilo, ideia e ideais que revelam a minha obra “Amantes nas Entrelinhas”, porque é assim que eu me sinto amante da literatura na diversidade das obras, como apresenta Gilberto R. Cunha:

“Dizer que Amantes nas entrelinhas, o título do livro da cronista Tânia Du Bois, além de insinuante é, ao mesmo tempo, instigador da curiosidade dos leitores, soa demasiadamente óbvio. Assim como, em qualquer diálogo, os silêncios podem falar muito, também em um texto, especialmente num livro como esse, o que está escrito nas linhas, não raro, pode ser mais bem entendido, se lido nas entrelinhas.

Tânia Du Bois segue os ensinamentos de Tolstoi, pois, ao mesmo tempo em que se mostra universal, não deixa de cantar a sua aldeia. Nas páginas desse livro, abundam referências aos cânones da literatura brasileira e mundial, mas, paralelamente, também desfilam escritores que, apesar do gozo de certa fama em Passo Fundo, continuam sendo desconhecidos pela maioria dos leitores. E Tânia, com a peculiar habilidade de resenhista de escol, ao fundir o nacional/universal com o local, coisa que, frise-se isso, faz magistralmente, contribui para levar o nome dos nossos escritores a domínios, até então, considerados quase impossíveis ou inalcançáveis.

De um lado, citações de passagens extraídas de obras de autores como Otávio Paz, Mia Couto, Júlio Cortázar, Jorge Luiz Borges, Umberto Eco e Nietzsche, por exemplo, que são cânones da literatura universal, seguidas de referências nacionais e regionais, caso de Vinicius de Moraes, Ferreira Gullar, Rubem Braga, Mário de Andrade, Clarice Lispector, Cecília Meireles, Mario Quintana, Luis Fernando Veríssimo, Luiz Coronel, Simões Lopes Neto, Armindo Trevisan e Moacyr Scliar, entre muitos. E, de outro, o contraponto local, genuinamente passo-fundense, com Jurema Carpes do Valle, Tenebro dos Santos Moura, Ziza de Araújo Trein, Nídia Bolner Weingartner, Júlio César Perez, Paulo Monteiro e Mirian Postal, dando conta do desafio intelectual que Tânia Du Bois impôs a si mesma, ao engendrar a escrita desse livro, tratando de tamanha profusão de estilos e temas. Fazendo isso, Tânia dá ares que, em incontáveis horas de leitura e vivências, criou a sua biblioteca pessoal.

Se eu tivesse que escolher apenas um texto, entre os muitos que me agradam nessas páginas, não hesitaria em optar por “Em Questão de Minutos”.  Menos porque eu, Gilberto Cunha, sou citado nele e mais, talvez, pela referência a Leopoldo Lugones, que, poeticamente, dizem, “se deu morte em 1938”. Ou, mais provável ainda, por comungar com a síntese de Tânia Du Bois e entender que, de fato, muito daquilo que acontece em nossas vidas, para o bem e para o mal, se dá em questão de minutos. Simplesmente, uma mera questão de gosto pessoal.

O livro de Tânia Du Bois não é apenas mais um livro de crônicas, a exemplo de tantos que se publicam anualmente. Ainda que a matéria-prima de seus textos seja comum ao dia a dia de cada um de nós, aquilo que os diferencia é a interpretação da autora, que, não raro, foge da esperada e transgride convenções. Humano e mundano, em demasia.

Tânia Du Bois, a mulher, mostrou-se menos enigmática, em relação aos seus Amantes nas entrelinhas, que a escritora pretendeu ser. Em todo o livro, mais que amantes, sobressaiu-se O AMADO nas LINHAS, Pedro Du Bois, um nome citado 30 vezes nesse livro.

Oxalá seja você o leitor que Tânia espera e merece!”

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