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sábado, 1 de março de 2014

Alquimia da vida (Edir Meirelles*)





Regina Lyra é uma poetisa encantadora e encantada. Conhecemo-nos num encontro rápido em evento cultural na cidade do Rio de Janeiro. Foi o suficiente para me enamorar da poetisa e de seus poemas. Seus versos falam do amor, das amizades, da vida, do verbo e dos demônios que nos atemorizam. Mas falam, sobretudo, do amor, esta chama eterna que move o mundo e norteia os passos da Humanidade.

O encanto e o desencanto do amor constituem a tônica dos seus versos. Em seu novo livro Tempo de Encanto, a autora afirma em ‘Acontece’: "A flor do pecado / ama e acalma, / depois deixa louca / – sem calma".

Sua sensibilidade aflora à flor da pele, em cada palavra, em cada verso. Ousada, solta suas emoções em seu versejar. Ela mesma confessa: "Sinto cada toque / Sinfonia de Beethoven, / no canto do beija flor".

O verbo é o forte dessa poetisa. Usa as palavras com precisão e com economia de quem sabe o tempero dos bons poemas. E canta a vida e canta o amor, mas, também denuncia as mazelas do homem em a ‘Cidade bela’ com seus problemas sociais, o abandono da periferia e a população marginalizada...

O erotismo em Regina Lyra é algo permanente, pulsante, estonteante. Não o erotismo banal, mas aquele próprio da gênese do ser humano.

Traduz beleza poética, síntese da vida e da vivência desde o princípio até o final dos tempos – a perfeição da natureza.

Enfim, Regina Lyra é uma alquimista do versejar de qualidade. Na alquimia da vida, na intensidade dos raros perfumes literários, na mistura dos feromônios x & y é capaz de transformá-los no melhor afrodisíaco jamais inventado.

Tempo de Encanto é nada mais, nada menos que um livro de poesia impregnado de sinfonia musical – daqueles concertos raramente audíveis nos tempos modernos.

É ler e conferir.

Vila de Noel, RJ, 25 de abril de 2004.

*Edir Meirelles: Poeta, contista e romancista. Ex-presidente do Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro.

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