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terça-feira, 22 de abril de 2014

O anônimo (Tânia Du Bois)






“Passado o futuro: tantas máscaras /
o que dizer de um mascarado sem máscara? /
ou de uma máscara (Real)?”
(Pedro Du Bois)

Anônimo é aquele que não revela seu nome; dentro de suas características encontramos aquele que “faz o bem sem saber a quem”, e aquele que não enfrenta o sentimento, com medo de viver e usa a máscara para se esconder num mundo obscuro, sem perceber quando em determinado momento da sua vida se aproxima da verdade das pessoas.  Segundo Alberto da Cunha Melo, “Anônimos // Bem-aventurados os mitos, / em seu tranquilo anonimato, / que sequer se sabem anônimos, / como a moldura de um retrato...”.

O anônimo ressalta a diferença em algo que costuma afetar negativamente a sua vida: sua intenção é estar alerta em relação à sua pessoa e ao seu anonimato, porque conviver entre eles é desafio que pode se transformar em agradável, ou não, revelação. Como em Pedro Du Bois, “... somos máscaras sobre o rosto / sem despertar suspeitas / personagens ambulantes / desempenhando papéis menores”.

Quem saberá os limites da vida em face oculta? O anônimo que fere as palavras esconde o tempo e impede de ser reconhecido. Escuta “cantos onde há gritos e se diz maravilhado” – nos surpreendendo com seu falso lado, ao se apresentar de maneira detalhada, deixando de ser quem é, ao revelar sua falta de coragem para se identificar e assumir sua postura, sem deixar as palavras caírem no chão. Nas palavras de Alphonsus Guimaraens Filho, “... Toma coragem, vai buscando a face / mais oculta das coisas, de onde nasce / a luz que restará inapagada”.

No anonimato, nunca sabemos qual relato nos dá a verdade dos fatos; o sentido do desejo; as histórias – passado ou futuro; as ameaças pela solidão; mas a vida em longos passos mostra ser inevitável esquecer que o anônimo pode se tornar amigo ou inimigo, e que o momento revivido é marcado pela boa ação e ameaçado pela má. Ficando a reflexão de Pedro Du Bois, “o que dizer de um anonimato sem máscara?”

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