Nunca ria o gato. Sisudo, posava dia e noite para os de casa e os de fora. Costumeiramente vivia em cima da mesinha de centro. Às vezes nas prateleiras da estante, ao lado da Bíblia, da enciclopédia, dos discos. Mil vezes escapou do fim. Quando a arrumadeira se zangava. Quando os meninos brincavam de bola na sala. Quando qualquer mão descuidada o abanava.
Não lhe faltavam elogios. Chamavam-no gato bonito, gatinho lindo, belo gatão. Mesmo quando percebiam sua circunspecção. Talvez até vissem nela o melhor de sua beleza.