As
pessoas de poucos rabiscos (ou nenhum) costumam agredir as mais fecundas e
dedicadas ao exercício de alinhar palavras (chamam-nas corretamente de prolíficas,
mas querem mesmo é achincalhá-las) com frases assim: “O que vale é a qualidade;
quem redige muito, o faz porque ainda não encontrou o próprio caminho”. Não
vejo assim. A maioria dos bons escritores criou para lá de uma dezena de obras.
E mais teria feito, se mais longa vida tivesse tido. Citemos apenas uma dúzia
(só brasileiros do final do século XIX até o XX): José de Alencar, Machado de
Assis, Aluísio de Azevedo, Euclides da Cunha, Mário de Andrade, Graciliano
Ramos, Cecília Meireles, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Clarice
Lispector, João Cabral de Melo Neto, Lygia Fagundes Telles. Poderia mencionar dezenas
de dúzias, mas diriam os incansáveis intrigueiros: “Ah, esses não são
titulares, são do time reserva”. Enquanto isso, contam-se nos dedos os
escritores de obra escassa (um ou dois livros pequenos): Augusto dos Anjos é o
mais famoso deles. Bem conhecido também é
Raul de Leoni. Se se quiser ampliar o número, é preciso dizer que quase todos
morreram jovens, razão pela qual (talvez) conceberam pouco. Cruz e Sousa seria
um deles.
Translate
Mostrando postagens com marcador Diário. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Diário. Mostrar todas as postagens
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
De meu sol nado ao vário ocaso nosso – IV (Nilto Maciel)
"cidades e mundos imaginários"
Não
tenho feito quase nada, nestes primeiros dias de fevereiro, a não ser revisar
meus “gregotins de desaprendiz”. Deixei de lado o novo romance (ainda no
capítulo II), um conto em formação e a leitura das obras recebidas nos recentes
dias.
No
final da tarde de ontem dei por concluída a primeira (e mais penosa) tarefa e
enviei ao editor Roberto Schmitt-Prym uma cópia do calhamaço. Este ano deverá
ser repleto de publicações minhas: A fina
areia das dunas (contos), vencedor do edital do Estado do Ceará no ano
passado (ainda sem editora); Como me
tornei imortal (crônicas da vida literária), pelo Armazém da Cultura
(Fortaleza); e Gregotins de desaprendiz
(artigos de crítica literária), pela Editora Bestiário (Porto Alegre).
É minha
intenção voltar de imediato ao conto. A seguir, me devotar à leitura dos compêndios
aos quais dedicarei a primeira das três crônicas programadas e, num terceiro
momento, rabiscar mais um capítulo do romance. À noite fiz alguma arrumação no
conto. Dei mais vida ao narrador, arranjei-lhe nome, sobrenome, profissão,
moradia, e... (noutro dia darei outras informações). As crônicas deverão ficar
assim organizadas: 1ª – livros de Alexandre Brandão: Contos de homem (Rio de Janeiro, 1995), Estão todos aqui (Rio de Janeiro, 2005) e A câmera e a pena (Rio de Janeiro, 2009); Carlos Nejar: Um homem do pampa (Porto Alegre, 2012) e
Oleg Almeida: Memórias dum hiperbóreo
(Rio de Janeiro, 2008) e Quarta-feira de
cinzas e outros poemas (Rio de Janeiro, 2011); 2ª – livros de Patrícia
Tenório: O major: eterno é o espírito (Recife,
2005); As joaninhas não mentem (Rio
de Janeiro, 2006); Grãos (Rio de
Janeiro, 2007); A mulher pela metade
(Rio de Janeiro, 2009); Diálogos (Rio de Janeiro, 2010); D’Agostinho (Rio de Janeiro, 2010); e Como se Ícaro falasse (Mossoró, 2012); 3ª – livro de Salomão Sousa:
Vagem de vidro (Brasília: Thesaurus,
2013).
Em meio
a tudo isso, leio e reviso poemas, crônicas, contos e artigos que recebo para divulgação
no blogue. E dou alô aos amigos e leitores mais dispostos a mandar bilhetes
(mensagens) pela Internet. Principalmente aos mais afáveis ou inclinados a
perder tempo comigo: Ádlei de Carvalho, Alberto Bresciani, Carlos Vazconcelos,
Francisco Miguel de Moura, João Carlos Taveira, Luciano Bonfim, Pedro Du Bois,
Ronaldo Cagiano, Salomão Sousa, Webston Moura e outros (desculpem a omissão de
tantos nomes).
Nas
horas vagas, faço refeições, tomo banho, vou ao banco, ao supermercado, à
padaria, à farmácia, ao médico, durmo, assisto a jogos de futebol e filmes pela
televisão, ouço música e sonho com impressos novos e velhos, mulheres jovens e
antigas, cidades e mundos imaginários, viagens intermináveis, infinitos e
eternidades.
(7/fevereiro)
/////
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
De meu sol nado ao vário ocaso nosso – III (Nilto Maciel)
(Fernando Poessoa)
Ontem
completei 68 anos. Recebi dezenas de felicitações, escritas e orais.
Entretanto, não comemoro mais o dia dos meus anos. Fico triste (não choro mais)
e mudo de assunto. “No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, / Eu era
feliz e ninguém estava morto”.
Dediquei
todos esses dias a revisar Gregotins de
desaprendiz. Como tenho suado! Em meio a isso, li “Giacomo Joyce” (tradução
de Roberto Schmitt-Prym) e fiz anotações para uma notícia. Quem sou eu para
comentar Joyce?
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
De meu sol nado ao vário ocaso nosso – II (Nilto Maciel)
Publicado o primeiro capítulo
do De meu sol nado, recebi diversas mensagens.
Todas muito interessantes. Roberto Prym, Jorge Tufic e Gerado Lima não quiseram
me deixar preocupado. Outros, porém, me fizeram ficar de orelha em pé. Dimas Macedo me alertou: “Não confie
muito nessa gente excessivamente genial. Mas não deixe de tirar o máximo
proveito de suas escrituras”. Referia-se a James Joyce e Machado de Assis. Respondi assim: “Tenho lido gênios e medíocres também. A vida não
pode ser feita só de alturas. É preciso chafurdar na lama também. Ser porco
alguma vez”.
domingo, 27 de janeiro de 2013
De meu sol nado ao vário ocaso nosso — I (Nilto Maciel)
Não sei
se a leitura do conto “Giacomo Joyce” teve alguma influência no que irei
relatar aqui. Durante a manhã de ontem, li metade dele. Fui dormir depois do
almoço. No final da tarde, não me aproximei mais do livrinho (são apenas 40 páginas,
edição bilíngue, tradução de Roberto Schmitt-Prym) e me apeguei à revisão de Gregotins de desaprendiz, conjunto de artigos cuja primeira edição pretendo para
este ano.
Agora me
lembro de como surgiu a ideia de tecer estas linhas. Deu-se à noitinha. A televisão
ligada. Moviam-se e dialogavam personagens. Trama corriqueira. Pus-me, então, a
imaginar um modo de dar publicidade contínua aos tais gregotins. Aproveitaria
meu blog e nele poderia inserir, diariamente, mensagens sucessivas e de
variadas formas. Principalmente comentários curtos de leitores. Como uma ideia puxa
outra, vi mais possibilidades no tal diário. Sim, poderia fazer do blog também um
jornal pessoal (apenas meu flanco literário). Deixei para trás o filme, fui ao
dicionário e me pus a fazer anotações: “Notas breves ou não, resumidas e até
enigmáticas. Pequenas notícias (literárias) minhas, como recebimento de livros,
mensagens e textos literários (dar nomes aos mensageiros). Apontamentos para
contos, poemas, crônicas, etc. Notícias editoriais de meus livros. As notas podem
ser diárias ou não; ou mais de uma por dia, dependendo da necessidade ou
possibilidade”. Qual seria o título do “projeto”? Depois de alguns minutos,
decidi: “De meu sol nado ao vário ocaso nosso”. Viria seguido de numeração
romana e de meu nome entre parênteses.
O que
significa o título? Alguns leitores terão decifrado o suposto enigma, imediatamente
após a leitura dele. Outros necessitaram da leitura deste esclarecimento.
Trata-se de verso de algum canto pouco divulgado? Quem será o vate? Desconheço
tal peça e tal poeta. Dirão: Ora, é um decassílabo. Sim, e isto não quer dizer
que seja frase poética. E poderá ser. Machado de Assis (não sei de outros
exemplos), no Dom Casmurro, inaugurou
o que ora ousei imitar. Deu ao narrador Bento Fernandes Santiago, o Bentinho,
depois transformado em Dom Casmurro, a autoria de dois versos. Seriam o primeiro
e o último de um soneto: “Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!” e “Perde-se
a vida, ganha-se a batalha!” Alguns sonhadores tentaram completar o poema.
Francisco Carvalho (nascido em 1927, em Russas, Ceará, Brasil) inventou alguns
sonetos (o “restante”) para dar continuidade ao “soneto não concluído” de
Bentinho.
(27/janeiro/2013)
/////
Assinar:
Postagens (Atom)
TODOS OS POSTS
Poemas
(615)
Contos
(443)
Crônicas
(421)
Artigos
(371)
Resenhas
(186)
Comentários curtos
(81)
Variedades
(59)
Ensaios
(47)
Divulgações
(26)
Entrevistas
(24)
Depoimentos
(15)
Cartas
(12)
Minicontos
(12)
Prefácios
(9)
Prosa poética
(7)
Aforismos
(6)
Enquete
(6)
Diário
(5)
Epigramas
(4)
Biografias
(2)
Memórias
(2)
Reportagem
(2)
Aviso
(1)
Cordel
(1)
Diálogos
(1)
Nota
(1)
TEXTOS EM HOMENAGEM AO ESCRITOR NILTO MACIEL
(1)
Vídeos
(1)
Áudios
(1)