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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Tudo vai para o lixo (Nilto Maciel)



As pessoas de poucos rabiscos (ou nenhum) costumam agredir as mais fecundas e dedicadas ao exercício de alinhar palavras (chamam-nas corretamente de prolíficas, mas querem mesmo é achincalhá-las) com frases assim: “O que vale é a qualidade; quem redige muito, o faz porque ainda não encontrou o próprio caminho”. Não vejo assim. A maioria dos bons escritores criou para lá de uma dezena de obras. E mais teria feito, se mais longa vida tivesse tido. Citemos apenas uma dúzia (só brasileiros do final do século XIX até o XX): José de Alencar, Machado de Assis, Aluísio de Azevedo, Euclides da Cunha, Mário de Andrade, Graciliano Ramos, Cecília Meireles, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto, Lygia Fagundes Telles. Poderia mencionar dezenas de dúzias, mas diriam os incansáveis intrigueiros: “Ah, esses não são titulares, são do time reserva”. Enquanto isso, contam-se nos dedos os escritores de obra escassa (um ou dois livros pequenos): Augusto dos Anjos é o mais famoso deles.  Bem conhecido também é Raul de Leoni. Se se quiser ampliar o número, é preciso dizer que quase todos morreram jovens, razão pela qual (talvez) conceberam pouco. Cruz e Sousa seria um deles.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

De meu sol nado ao vário ocaso nosso – IV (Nilto Maciel)



"cidades e mundos imaginários"


Não tenho feito quase nada, nestes primeiros dias de fevereiro, a não ser revisar meus “gregotins de desaprendiz”. Deixei de lado o novo romance (ainda no capítulo II), um conto em formação e a leitura das obras recebidas nos recentes dias.
No final da tarde de ontem dei por concluída a primeira (e mais penosa) tarefa e enviei ao editor Roberto Schmitt-Prym uma cópia do calhamaço. Este ano deverá ser repleto de publicações minhas: A fina areia das dunas (contos), vencedor do edital do Estado do Ceará no ano passado (ainda sem editora); Como me tornei imortal (crônicas da vida literária), pelo Armazém da Cultura (Fortaleza); e Gregotins de desaprendiz (artigos de crítica literária), pela Editora Bestiário (Porto Alegre).
É minha intenção voltar de imediato ao conto. A seguir, me devotar à leitura dos compêndios aos quais dedicarei a primeira das três crônicas programadas e, num terceiro momento, rabiscar mais um capítulo do romance. À noite fiz alguma arrumação no conto. Dei mais vida ao narrador, arranjei-lhe nome, sobrenome, profissão, moradia, e... (noutro dia darei outras informações). As crônicas deverão ficar assim organizadas: 1ª – livros de Alexandre Brandão: Contos de homem (Rio de Janeiro, 1995), Estão todos aqui (Rio de Janeiro, 2005) e A câmera e a pena (Rio de Janeiro, 2009); Carlos Nejar: Um homem do pampa (Porto Alegre, 2012) e Oleg Almeida: Memórias dum hiperbóreo (Rio de Janeiro, 2008) e Quarta-feira de cinzas e outros poemas (Rio de Janeiro, 2011); 2ª – livros de Patrícia Tenório: O major: eterno é o espírito (Recife, 2005); As joaninhas não mentem (Rio de Janeiro, 2006); Grãos (Rio de Janeiro, 2007); A mulher pela metade (Rio de Janeiro, 2009); Diálogos (Rio de Janeiro, 2010); D’Agostinho (Rio de Janeiro, 2010); e Como se Ícaro falasse (Mossoró, 2012); 3ª – livro de Salomão Sousa: Vagem de vidro (Brasília: Thesaurus, 2013).
Em meio a tudo isso, leio e reviso poemas, crônicas, contos e artigos que recebo para divulgação no blogue. E dou alô aos amigos e leitores mais dispostos a mandar bilhetes (mensagens) pela Internet. Principalmente aos mais afáveis ou inclinados a perder tempo comigo: Ádlei de Carvalho, Alberto Bresciani, Carlos Vazconcelos, Francisco Miguel de Moura, João Carlos Taveira, Luciano Bonfim, Pedro Du Bois, Ronaldo Cagiano, Salomão Sousa, Webston Moura e outros (desculpem a omissão de tantos nomes).
 Nas horas vagas, faço refeições, tomo banho, vou ao banco, ao supermercado, à padaria, à farmácia, ao médico, durmo, assisto a jogos de futebol e filmes pela televisão, ouço música e sonho com impressos novos e velhos, mulheres jovens e antigas, cidades e mundos imaginários, viagens intermináveis, infinitos e eternidades.
(7/fevereiro)

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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

De meu sol nado ao vário ocaso nosso – III (Nilto Maciel)



                                                             (Fernando Poessoa)

 
Ontem completei 68 anos. Recebi dezenas de felicitações, escritas e orais. Entretanto, não comemoro mais o dia dos meus anos. Fico triste (não choro mais) e mudo de assunto. “No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, / Eu era feliz e ninguém estava morto”.

Dediquei todos esses dias a revisar Gregotins de desaprendiz. Como tenho suado! Em meio a isso, li “Giacomo Joyce” (tradução de Roberto Schmitt-Prym) e fiz anotações para uma notícia. Quem sou eu para comentar Joyce?

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

De meu sol nado ao vário ocaso nosso – II (Nilto Maciel)





Publicado o primeiro capítulo do De meu sol nado, recebi diversas mensagens. Todas muito interessantes. Roberto Prym, Jorge Tufic e Gerado Lima não quiseram me deixar preocupado. Outros, porém, me fizeram ficar de orelha em pé. Dimas Macedo me alertou: “Não confie muito nessa gente excessivamente genial. Mas não deixe de tirar o máximo proveito de suas escrituras”. Referia-se a James Joyce e Machado de Assis. Respondi assim: “Tenho lido gênios e medíocres também. A vida não pode ser feita só de alturas. É preciso chafurdar na lama também. Ser porco alguma vez”.

domingo, 27 de janeiro de 2013

De meu sol nado ao vário ocaso nosso — I (Nilto Maciel)





Não sei se a leitura do conto “Giacomo Joyce” teve alguma influência no que irei relatar aqui. Durante a manhã de ontem, li metade dele. Fui dormir depois do almoço. No final da tarde, não me aproximei mais do livrinho (são apenas 40 páginas, edição bilíngue, tradução de Roberto Schmitt-Prym) e me apeguei à revisão de Gregotins de desaprendiz, conjunto de artigos cuja primeira edição pretendo para este ano.

Agora me lembro de como surgiu a ideia de tecer estas linhas. Deu-se à noitinha. A televisão ligada. Moviam-se e dialogavam personagens. Trama corriqueira. Pus-me, então, a imaginar um modo de dar publicidade contínua aos tais gregotins. Aproveitaria meu blog e nele poderia inserir, diariamente, mensagens sucessivas e de variadas formas. Principalmente comentários curtos de leitores. Como uma ideia puxa outra, vi mais possibilidades no tal diário. Sim, poderia fazer do blog também um jornal pessoal (apenas meu flanco literário). Deixei para trás o filme, fui ao dicionário e me pus a fazer anotações: “Notas breves ou não, resumidas e até enigmáticas. Pequenas notícias (literárias) minhas, como recebimento de livros, mensagens e textos literários (dar nomes aos mensageiros). Apontamentos para contos, poemas, crônicas, etc. Notícias editoriais de meus livros. As notas podem ser diárias ou não; ou mais de uma por dia, dependendo da necessidade ou possibilidade”. Qual seria o título do “projeto”? Depois de alguns minutos, decidi: “De meu sol nado ao vário ocaso nosso”. Viria seguido de numeração romana e de meu nome entre parênteses.

O que significa o título? Alguns leitores terão decifrado o suposto enigma, imediatamente após a leitura dele. Outros necessitaram da leitura deste esclarecimento. Trata-se de verso de algum canto pouco divulgado? Quem será o vate? Desconheço tal peça e tal poeta. Dirão: Ora, é um decassílabo. Sim, e isto não quer dizer que seja frase poética. E poderá ser. Machado de Assis (não sei de outros exemplos), no Dom Casmurro, inaugurou o que ora ousei imitar. Deu ao narrador Bento Fernandes Santiago, o Bentinho, depois transformado em Dom Casmurro, a autoria de dois versos. Seriam o primeiro e o último de um soneto: “Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!” e “Perde-se a vida, ganha-se a batalha!” Alguns sonhadores tentaram completar o poema. Francisco Carvalho (nascido em 1927, em Russas, Ceará, Brasil) inventou alguns sonetos (o “restante”) para dar continuidade ao “soneto não concluído” de Bentinho.

(27/janeiro/2013)
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