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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Leon (Emanuel Medeiros Vieira)


Fragmentos – Apenas fragmentos



“A vida é bela. Que as gerações futuras a limpem de todo o mal.”
                                     (Leon Trotsky)

Quando morremos, somos apenas a memória do que deixamos nos outros.
Um menino é sempre um menino. E pode ser mais que um menino: além do sonho, além da vida.
Não somos e nunca seremos donos do nosso porvir.
Somos donos de nossas vidas?
(Eu sei: nesta mera prosa poética, queria meditar sobre a desertificação da fé.)

“me enterrem com os trotskistas
na cova comum dos idealistas onde  jazem aqueles que o poder não corrompeu” (...)
(Paulo Leminski, “para a liberdade e luta”, in “polonaises”*

E queria falar por todos os ancestrais, por todos os que não estão mais aqui, por aqueles tantos que andam calados nesta aridez pós-utópica.
Sonho muito?
Eu sou os que foram.
(Dizia um poeta e dramaturgo, encarcerado por 11 anos pela ditadura uruguaia.)
As citações são muitas? Eu sei.
“O homem é aquilo que ele próprio fez” (André Malraux).
São tempos multifacetados, acelerados, descartáveis – com mais escritores que leitores?
As maquininhas eletrônicas continuam seduzindo.
(Tenho a tentação de dizer: e poucas vezes, os homens estiveram tão ilhados.)
O mar, um pássaro cantante e, quem sabe, Deus – queria celebrar.
(Serão apenas mais palavras, entre tantas (?!).
E sempre valerá tentar ir além.
E é preciso acreditar: A vontade de Deus nunca irá levá-lo aonde a Graça de Deus não irá Protegê-lo.
(Que o tom retórico seja perdoado.)

*Preservados os diminutivos utilizados pelo autor.

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domingo, 25 de agosto de 2013

Endereço (Emanuel Medeiros Vieira)



Para o blogueiros da Ilha




Perdi (perdemos) o endereço de Deus.
Perdi (perdemos)?
Estará no bolso da calça, na segunda gaveta, no trapiche da Praia de Fora,
no Parque da Redenção, na Praça Castro Alves, na esquina  da São João com
a Ipiranga?
Perdi o endereço de Deus.
Estará escondido na clandestinidade, dormindo em quartos com cheiro de mofo – Neocid
para as pulgas – ou nos interrogatórios no DOPS?
Nas fugas apressadas?
Perdemos o endereço de Deus,
E temos todos os aparelhos  eletrônicos,
da China, do Paraguai, do Estados Unidos.
E sempre quereremos mais, mais,
cerveja gelada anunciada pela loira gostosa, o carrão com a estrela da TV,
o último produto – ansiedade perpétua, e continuaremos ansiando:
 e quando  chegar a noite, desmoronaremos.

sábado, 13 de julho de 2013

Carta a Letícia (Emanuel Tadeu Medeiros Vieira)






Para os pais, filhos e irmãos de Letícia (Maria Letícia Vieira da Silva), que partiu em 29 de junho de 2013)
Para todos os seus parentes e amigos
“Quando morremos, nada pode ser levado conosco, com a exceção das sementes lançadas por nosso trabalho e do nosso conhecimento.” (Tenzin Gyatso, religioso tibetano, atual Dalai Lama)
“No lado esquerdo do peito, carrego os meus mortos/Por isso caminho um pouco de banda.” (Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 27 de outubro de 2012

Sebos (Emanuel Medeiros Vieira)



Em memória de Eric Hobsbawm



“Não creio que haja coisa pior no mundo do que a leviandade, pois os homens levianos são instrumentos prontos a tomar qualquer partido, por mais infame, perigoso e pernicioso que seja; sendo assim, é melhor fugir deles como se foge do fogo”. (Francesco Guicciardini)


Bibliotecas, museus, sebos, cheiro de papel.
Nada me dizem os aparelhos eletrônicos de última geração – e logo virão outros.
Nostalgia, passadismo?
Eis a memória do mundo.
Essa é a “modernidade” que nos foi dada?
(Que palavra é essa?)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Nada (João Soares Neto)


 

Eu não sou um guarda-chuvas. Sou uma guarda-nada. O nada é o que prefiro guardar, escrever, ler e sentir. Se fosse um guarda-chuvas protegeria alguém, mas como sou um guarda-nada a quem posso proteger?
No meu nada estou incluído, dele vim e a ele voltarei. Leia as belas frases de Clarice, mas eu sou eu e o nada está por perto. Sempre mais perto do que o tudo. E chove. Estou sem guarda-chuvas e não sinto nada. O nada é também uma expressão de sentimento. E a água que me afaga também pode me afogar. A diferença é um nada. Veja como um nada faz a diferença.
Não, esta conversa não é sem sentido. Ela tem começo com a Clarice e belos arranjos com guarda-chuvas e os meus arranjos são com nada.
Assim, deixo o nada com você para que coisa nenhuma aconteça.
Não bebi nada. Não pense que isso é fruto de nada. Não é. E é.
A decisão é sua ou do nada que sempre nos acolhe ou encolhe, virando quase nada, um nadinha.
Se você não entendeu o que escrevi. Nada contra.

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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Dobre de finados (Emanuel Medeiros Vieira)

(E uma vida restaurada)

(Medusa, de Caravaggio)

É-se príncipe por virtude ou por fortuna – sabia Maquiavel.
Seremos anjos por bênção ou danação.
Não há melancolia sem memória.
Não há memória sem melancolia.
Escutamos há tanto tempo o dobre de finados dos sonhos pretéritos.
Embriagados com a nossa própria crueldade, optamos por engenhocas eletrônicas– quinquilharias, maquinários.
Deslumbrados – resignados ou indiferentes à sorte alheia.
São variantes: acabamos sempre escrevendo o mesmo livro.
(...) “Noto que estou envelhecendo; um sintoma inequívoco é o fato de que não me interessam ou surpreendem as novidades, talvez porque observe que nada de essencialmente novo há nelas e que não passam de tímidas variações. Quando era jovem, atraíam-me os entardeceres, os arrabaldes e a desventura; agora, as manhãs do centro e a serenidade. Já não brinco de ser Hamlet.”
(Jorge Luis Borges, “O Congresso, em “O Livro de Areia”)
Seremos anjos por bênção ou danação.
E estou numa manhã recém-fundada – o mar, uma gaivota, o trapiche da Praia de Fora, um pai, o menino, a mãe, e um arco-íris.

(Brasília, abril de 2012)
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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Estudantes podem e devem ser poetas (Marco Aqueiva)


As palavras não fazem o homem compreender,
É preciso fazer-se homem para entender as palavras.
Herberto HELDER


Não somos aquilo que fizeram de nós,
mas o que fazemos com o que fizeram de nós.
Jean-Paul SARTRE

Poetas são pessoas que podem, ainda,
ver o mundo através dos olhos da criança.
Alphonse DAUDET

i

Todo ser humano que acende as luzes para ouvir o som correndo nas ruas avenidas praças atravessando montanhas e desertos. Todo ser humano que traz nos olhos ângulos lâminas tons afiados capazes de interrogar as tantas vozes do mundo. Todo ser humano que chega dando voz a todas as coisas dentro de camadas de névoa e escuridão.

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