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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Filete que aspira a ser rio (Enéas Athanázio)


O silêncio reinante a respeito de Sonetos de Bolso – Antologia Poética, organizada por Jarbas Júnior e João Carlos Taveira (Thesaurus Editora – Brasília – 2013), me leva a redigir estas notas, ainda que sem a pretensão de julgar o mérito dos poemas nela reunidos.
Trata-se de um belo livro, executado com esmero, em formato pequeno, tipo “pocket-book”, conforme sugere o próprio título. Reúne trabalhos de quinze sonetistas, todos ligados à cidade de Brasília, onde residem ou residiram. São eles: Anderson Braga Horta, Anderson de Araújo Horta, Antonio Miranda, Antonio Temóteo dos Anjos Sobrinho, Fernando Mendes Viana, Henriques do Cerro Azul, José Geraldo Pires de Mello, José Jeronymo Rivera, José Peixoto Júnior, Luiz Carlos de Oliveira Cerqueira, Márcio Catunda, Maria Braga Horta, Nilto Maciel, Romeu Jobim e Viriato Gaspar. Contém ainda excelentes notas explicativas introdutórias e abas de autoria dos organizadores. Segundo Taveira, a presença de uma única mulher se deve ao fato de que as poetas planaltinas não costumam se dedicar ao soneto.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Arte e atos poéticos de Regina Lyra (Rubenio Marcelo*)



(a essência do amor e outras percepções)



Após presentear-nos com Tempo de Encanto (Ed. Universitária - PB, 2004) – obra lançada, com sucesso, em várias partes do Brasil – a poeta Regina Lyra chega agora com o seu 5º livro: Atos em Arte.  E foi com desvelo pleno e natural frisson que lancei meu olhar sobre este belíssimo compêndio desta operária das palavras, esta afável artífice do verso, que sabe tão bem extrair da alquimia multiforme dos momentos a quinta-essência para o invólucro dos seus pensamentos.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Aos que fazem teatro (W. J. Solha)






Leiam O Laboratório das Incertezas. Paulo Vieira (UFPB 2013) é dono de um senhor currículo, que vai de pós-doutorado em Paris, junto ao grupo Théâtre du Soleil (1996), ao doutorado na USP com tese sobre Plínio Marcos (A Flor e o Mal, Firmo, 1994); e do mestrado com dissertação sobre Paulo Pontes (A Arte das Coisas Sabidas, UFPB 1998), à publicação de bons romances – como O Ronco da Abelha (Beca) e O Peregrino (FCJA) –, mais um Bolsa Funarte de Estímulo à Dramaturgia (2007), com o texto Anita, etc, etc, além do que é chefe do Departamento de Artes Cênicas da UFPB, universidade para a qual criou o Mestrado Institucional em Teatro e, com seus colegas, a Especialização em Representação Teatral.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Ensaio crítico resgata Gonzaga (Ronaldo Cagiano*)





Fruto de uma incursão crítica em sua vida e obra, o poeta Tomás Antônio Gonzaga acaba de merecer um justo resgate em publicação da Academia Brasileira de Letras, que em sua coleção “Série Essencial” convida um especialista para discorrer sobre autores que inauguraram as cadeiras da Casa de Machado de Assis. 


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Sobre O Senhor das Estátuas (Tânia Du Bois)





O Senhor das Estátuas é o novo livro de poemas de Pedro Du Bois, apresentado em partes: Poemas para Bez Batti, O Senhor das Estátuas, Matéria Prima Matéria Bruta e A Revisão pelo Detalhe.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

A influência russa na literatura brasileira (Adelto Gonçalves*)





I

Que a literatura russa influenciou boa parte da literatura produzida no Brasil, especialmente no final do século XIX e na primeira metade do século XX, nenhum crítico de bom senso pode colocar em dúvida. Até que ponto chegou essa influência e como seu deu, pois, na maioria, por desconhecimento do idioma russo, os autores tiveram acesso apenas a traduções de segunda mão do francês, é que nunca ninguém havia estabelecido.
            

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Simenon, Hammett de bombacha e mate (W. J. Solha)



(Nelson Hoffmann)

O nome do homem – vê-se que descende de alemães – é Nelson Hoffmann, de Roque Gonzales, Rio Grande do Sul, o advogado, contabilista, que criou um personagem excepcional, o advogado, contabilista, Dr. João Roque Landblut – vê-se que descende de alemães –, espécie de Holmes e Maigret amador, de Três Martírios, Rio Grande do Sul. Esse Landblut, já bastante conhecido por casos anteriores – tendo sido o principal O Homem e o Bar (romance de 1994) , fatalmente se tornará famoso, agora, com A Mulher do Neves – coedição Ledix e Editora da URI, 2013.

sábado, 22 de junho de 2013

O fazer crônica ao lume da poesia (Diogo Fontenelle)



Bruno Paulino garimpa memórias – acontecidas e sonhadas! – ao longo de suas vivências de menino sertanejo. Nesse tear de gemas e gemidos, o jovem prosador lança mão dos lápis de cores do seu coração marinheiro a azular as miudezas do dia a dia mesquinho, a “...esverdejar”, qual berilo esmeralda, esperas e esperanças vazadas pelas negações e ausências do viver nordestinado.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Uma leitura necessária: Jorge Amado (Daniel Barros*)



                                                          (Jorge Amado)


Pensei em começar esta resenha com: acabei de ler Hora da Guerra, mas não ficaria bem começar algo com o verbo acabar, sobretudo esse primor que é o livro de crônicas escritas entre 1942 e 1945, publicadas na coluna de mesmo nome no jornal baiano O imparcial, escrito pelo itabunense Jorge Amado. (Vale ressaltar que existem algumas divergências sobre o local de nascimento do escritor. Alguns biógrafos afirmam que ele nasceu na fazenda Auricídia, à época município de Ilhéus, mais tarde suas terras ficariam para o município de Itajuípe. O fato é que acabou sendo registrado no povoado de Ferradas, pertencente a Itabuna. O que importa é que é um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos). E nessas crônicas demonstra toda a sua paixão em defesa da democracia e indignação com o fascismo.


sábado, 13 de abril de 2013

A catedral simbólica de Margarida (João Carlos Taveira*)





A escritora Margarida Patriota, ao escrever a biografia romanceada do poeta Cruz e Sousa (1861-1898), fez dois mergulhos distintos: um nas águas turvas e turbulentas de fatos históricos da segunda metade do século XIX e outro na estrutura linguística da época, para narrar a saga de um dos precursores do movimento simbolista no Brasil.

terça-feira, 2 de abril de 2013

O Ortega de Assumção (Nilto Maciel)



(José Ortega y Gasset)


Ganhei do escritor e editor Roberto Schmitt-Prym alguns livros. Um deles é Homem-massa: a filosofia de Ortega y Gasset e sua crítica à cultura massificada (Porto Alegre: Editora Bestiário, 2012), de Jéferson Assumção. O primeiro é meu amigo há anos e tem editado alguns de meus escritos. O segundo só conheço de enciclopédias, ensaios, comentários. Salomão Sousa, o poeta brasileiro mais próximo dos pensadores, me falava todo dia de Ortega y Gasset. E repetia: Você precisa conhecer esse monumento. Do contrário, será sempre poetinha de ponta de rua. Do ensaísta gaúcho eu nunca ouvira falar. Agora sei do seu nascimento em 1970, na cidade de Santa Maria, onde se deu a tragédia da morte de 241 jovens estudantes.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Manhãs e tardes potiguares (Nilto Maciel)





Desde o início dos tempos (os meus), tenho conhecido ou visitado o Rio Grande do Norte, por intermédio de cearenses. O primeiro (ainda nos anos 1970) se chama Francisco Sobreira Bezerra, contista e romancista que para Natal se mudou muito cedo. Agora é a vez do atuante editor, versista, contista e cronista Clauder Arcanjo, morador de Mossoró e do alto-mar. Em fevereiro deste ano, ganhei quatro seletas de versos e prosas, todas editadas em terras potiguares: Gênese (Mossoró, RN: Sarau das Letras, 2012), de Leonam Cunha; Rastros nas areias brancas (Mossoró, RN: Sarau das Letras/Fundação Vingt-un Rosado, 2012), de José Nicodemos; Cotidianas (Mossoró, RN: Sarau das Letras, 2012) e Canções de abril (Natal, RN: Uma, 2010), de Rizolete Fernandes. Sem tempo para comentários longos, dedicarei duas ou três frases a cada uma.

quinta-feira, 14 de março de 2013

A sedução totalitária (Adelto Gonçalves*)



I

Por que o século XX foi um período tão propício a experiências totalitárias? Sabe-se que Hitler, Mussolini, Stalin, Franco, Salazar, Vargas e outros ditadores menos cotados ou conhecidos não chegaram ao poder e muito menos governaram sozinhos, contando com o apoio não só de grandes homens de negócios, que sustentaram as maiores ignomínias praticadas contra seres humanos, em troca de interesses pessoais e, muitas vezes, mesquinhos, como do homem comum, o das ruas, o homem-massa, conforme o definiu o pensador espanhol Ortega y Gasset (1883-1955).

segunda-feira, 11 de março de 2013

Fim de semana com Astrid, Dimas e Salomão (Nilto Maciel)



A maioria das publicações trazidas à minha casa vem de amigos. Como recebo diariamente, pelo menos, um impresso, a conclusão é estarrecedora (no bom sentido): tenho amigos para o ano todo. Estão ali, doidos por um afago, cerca de uma dúzia deles (os tomos, não os amigos). Pisquei o olho para cada um e murmurei: Venham cá, seus malandros. E trouxe ao colo três dos mais afoitos: Vagem de vidro, Coeur sans frein e Uma sombra no espelho. São de Salomão Sousa (meu amigo há mais de 30 anos), Astrid Cabral (minha amiga desde os bons tempos de Brasília) e Dimas Carvalho (que mora bem ali, em Acaraú, mas telefona para mim todo santo dia – de licença, em Fortaleza – e me convida a almoçar, de vez em quando, ou, nas noites de muita solidão e tédio, para visitar uma cunhã qualquer).

segunda-feira, 4 de março de 2013

As ficções de Patrícia Tenório (Nilto Maciel)



(Escritora Patrícia Tenório)



Não sou comprador de opúsculos nem de compêndios e raramente piso o chão de livrarias. Entretanto, recebo em casa toda sorte de publicação: das mais vistosas às mais andrajosas; das mais raquíticas às mais corpulentas; desde títulos triviais até os mais sofisticados; de norte a sul, de leste a oeste; de principiantes e calejados.

No início de janeiro de 2013, Patrícia Tenório me mandou, do Recife, seus sete impressos: O major: eterno é o espírito (Recife, 2005); As joaninhas não mentem (Rio de Janeiro, 2006); Grãos (Rio de Janeiro, 2007); A mulher pela metade (Rio de Janeiro, 2009); Diálogos (Rio de Janeiro, 2010); D’Agostinho (Rio de Janeiro, 2010); e Como se Ícaro falasse (Mossoró, 2012). Todos lindíssimos! Se eu fosse comprador de alfarrábios ou assíduo frequentador de livrarias, certamente teria sido fisgado pelas capas. E também pelos títulos. Todos muito atraentes.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Eça de Queiroz, moralista ou devasso? (Adelto Gonçalves*)




I

Não foram poucos os críticos e leitores menos desatentos que viram em Eça de Queiroz (1845-1900) um misógino de mão cheia. Motivos não faltam ao longo de sua obra e mesmo em sua correspondência com amigos, especialmente com Ramalho Ortigão (1836-1915). De fato, em muitos de seus romances e contos, são freqüentes palavras pouco lisonjeiras que dirige ao sexo feminino. Sem contar que a suas heroínas quase sempre reserva um final trágico, talvez como forma de punição a quem não soubera superar ou controlar os furores do sexo.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

As veredas da narração em Alexandre Brandão (Nilto Maciel)



                                                             (Alexandre Brandão)



            O Brasil é tão grande que... Não, não iniciarei este artigo com uma queixa. Além do mais, já se tornou truísmo a frase: “Os escritores brasileiros não são conhecidos nacionalmente porque o Brasil é um continente”. Meu objetivo aqui não é tratar de assunto tão polêmico. Tenciono apenas comentar três papiros — Contos de homem (1995), Estão todos aqui (2005) e A câmera e a pena (2009) — do desconhecido Alexandre Brandão, mineiro que mora no Rio de Janeiro, escreve contos e novelas, etc.


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Giacomo Joyce por Roberto Prym (Nilto Maciel)



(James Joyce)

O escritor e editor gaúcho Roberto Schmitt-Prym me presenteou exemplar de Giacomo Joyce (Porto Alegre: Ed. Bestiário, 2012), edição bilíngue (inglês/português), com 48 páginas numeradas. Se não contarmos a introdução e as notas, teremos 34. Dividido este número por dois, reduziremos o opúsculo a 17 páginas. Porém, em quase todas só há espaço preenchido na metade superior. Então, teremos apenas oito. Portanto, tem dimensões de conto curto. O tradutor opina a respeito disso: “Neste breve texto, claramente autobiográfico, que resiste a classificações, relato, poema em prosa, Joyce narra sua atração, um amor clandestino ou fantasia erótica por uma jovem judia, sua aluna em Trieste”.
             
           

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Lirismos e rapapés nas tardes do mundo (Nilto Maciel)



(Manuel Bandeira)


Estou em falta com Pedro Du Bois, Carlos Nóbrega e Valdemar Neto Terceiro, meus amigos e colaboradores do blog literaturasemfronteiras. São quatro publicações (duas de Pedro), presenteadas ainda em 2012, porém lidas somente agora: A personificação da máscara (Balneário Camboriú/SC: Edição do Autor, 2012) e Via rápida (Passo Fundo: Projeto Passo Fundo, 2012), de Pedro Du Bois; Lápis branco (Guaratinguetá: Editora Penalux, 2012), de Carlos Nóbrega; e Ipumirim soberbo (Fortaleza: Expressão Gráfica, 2011), de Valdemar Neto Terceiro. Os três vates são quase meus confidentes. Eu lhes mando lamentações (em prosa), eles me respondem com poesia. Leio (talvez muito antes dos demais editores) suas composições. Nada tenho a acrescentar ou a diminuir (como sugestão), e muito menos a mudar. Pois são poetas da primeira linha.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Uma descida ao inferno da loucura (Adelto Gonçalves*)





I
            
Se como diz a filosofia popular, de médico e louco todos têm um pouco, a um médico louco não há o que acrescentar. Foi a esse personagem insólito que o médico e neurocientista Edson Amâncio recorreu para empreender a sua terceira incursão no romance com Diário de um Médico Louco (Taubaté, LetraSelvagem, 2012). Com um tanto de autobiográfico – que fica claro quando se sabe que o autor realizou nos anos 80 uma viagem a São Petersburgo e Moscou, ainda à época do comunismo –, este relato é um diálogo que Amâncio faz não com a literatura médica a que teve acesso como profissional da área de Saúde, mas como autores que marcaram a sua vida de ficcionista, especialmente Fiodor Dostoievski (1880-1880), a quem estudou em profundidade, até porque atraído pelas ligações que pode haver entre genialidade e esquizofrenia ou até mesmo com o desequilíbrio mental.