A plateia lotava o auditório. Estudantes, professores, curiosos em geral, além de escritores locais e de fora. Repórteres de televisão, jornal e até rádio. Iluminavam o recinto com suas luzes importunas. Mocinhas mostravam os dentes, matronas se esparramavam nas cadeiras, velhotes faziam caretas. Ninguém queria perder um só detalhe da festa. O vencedor talvez até saísse carregado nos braços da multidão, consagrado para todo o sempre.
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segunda-feira, 14 de agosto de 2006
A impressão da realidade em “As insolentes patas do cão”, de Nilto Maciel (Tanussi Cardoso)
As estórias de Nilto Maciel nos pegam pelo imprevisto, pela frase cortada, fragmentada, pelo jeito de quem está narrando um fato com descontração. É um modo singular de escrever. Nilto Maciel não ilude o leitor com firulas desnecessárias, não o engana com frases de efeito. Não tem vínculo com uma certa literatura que teima em parecer pedante. Mas por trás dessa aparente simplicidade há um escritor pleno de seus objetivos, que sabe contar uma estória com desenvoltura. Engana-se quem pensar ao contrário. Nilto Maciel lima as gorduras do texto e, vigorosamente, trabalha com a palavra certa, no lugar certo e na hora certa. Como cabe aos bons escritores.
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