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quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Nilto Maciel reconstrói o mundo a partir da linguagem (Carlos Augusto Viana)





Em As Insolentes Patas do Cão, Nilto Maciel sedimenta a trajetória de sua ficção. Lançando o seu olhar agudo sobre o cotidiano, filtrando as ações humanas a partir do humor e da ironia, flagra o insólito, o inesperado, os momentos abissais da condição humana. As Insolentes Patas do Cão, de Nilto Maciel (João Scortecci Editora, 107 páginas), reafirma a vocação artística de seu autor, da mesma forma que espelha a sua extrema habilidade em lidar com as mais diversas possibilidades da ficção.

Os belos olhos de Sônia (Nilto Maciel)


Bonita, para alguns. Simpática, gentil, generosa, para muitos. Seus olhos, porém, todos cortejavam. Os belos olhos de Sônia.

Aos vinte e poucos anos, descobriram-lhe mais um atributo: azarenta. Sim, só podia ser azar aquilo. Muito caiporismo. Ora, ninguém é atropelado três vezes em menos de um mês.

Muita sorte a dela, diziam os médicos. Escapar com vida de três atropelamentos! A maioria morre da primeira vez. Uns poucos chegam à segunda. Por milagre!