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segunda-feira, 9 de outubro de 2006

A beata de Palma (Nilto Maciel)



Quando o trem parou na estação, o sol acabava de se esconder. Uma dezena de meninos sujos me cercou. Disputavam entre si o direito de carregar minha maleta, o jornal e até o cigarro que eu fumava. Desfiz-me deste, distribuí para cada deles uma folha do jornal e entreguei a carga mais pesada a um rapaz musculoso.

Babel (Erorci Santana)




Unanimemente reconhecido como um dos mais expressivos criadores da moderna ficção brasileira, o cearense Nilto Maciel, radicado em Brasília, editor da revista Literatura, traz a público os contos reunidos em Babel, que em vários momentos constitui-se numa tentativa de restauração da ordem num mundo caótico e apocalíptico, onde os seres foram privados de seus balizamentos existenciais. Assinalam e antecipam o fracasso da civilização, o fim do ordenamento racional. Daí seu enredo insano e desfecho quase sempre trágico. Escritos nos anos de 1975/76, engavetados por imerecido pudor, reescritos, burilados e finalmente dados à fruição, curtos, cortantes e desestruturadores, esses contos de Nilto Maciel revelam excelências narrativas e causam não poucas estupefações.

(Jornal O Escritor, da União Brasileira de Escritores, São Paulo, SP, outubro de 1997)
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