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domingo, 15 de outubro de 2006

A ponte sobre o rio dos amantes (Nilto Maciel)


Só podiam estar em lua-de-mel. Tantos beijos, afagos, enlevados um do outro. Ela, vista de onde eu me achava, parecia ter seus vinte anos e ser muito bonita. Ou talvez se tratasse de beleza artística, cosmética, aparente. Ele também se vestia da mais fina elegância e dava ares de galã de cinema.

Não, não devia ser verdade. Eu sonhava ou talvez filmavam por ali. De onde haviam surgido? Por que tão bem aparentados naquele ermo? Ora, só havia o rio, a ponte onde eles namoravam e a estrada de que a ponte fazia parte. E mais nada. Só eles e eu. Eles esquecidos do mundo, eu todo ouvidos e olhos. E, apesar disso, eles não notaram minha presença, enquanto eu não perdia um só gesto deles, um só movimento das mãos, dos olhos, dos lábios.

Na bolsa (Manoel Hygino dos Santos)




Se tenho recebido os livros enviados? Respondo afirmativamente, embora nem a todos pude comentar até o momento, até porque a safra é grande e interminável.

Oportuno constatar e registrar, por outro lado, que há bons produtos, dignos de apreciação, alguns de autores novos e desconhecidos no mercado livreiro.

Leio livros como me alimento, escolho pratos e títulos, não ajo com voracidade. Só uso aqueles que me fazem bem, os que me agradam, sendo oportuno ressaltar que algo que apraz a alguém a outrem não satisfaz. Não trabalho em termos meramente numéricos: tantos volumes por mês, não é por aí. Se aprecio, chego ao final; se não, abandono-o sumariamente. Sobre gosto e cores não há discussão.