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quarta-feira, 1 de novembro de 2006

A caça dos monstros pelos monstros (Salomão Sousa)



 
De início, tem-se a impressão de os burros irem dar n’água, de tratar-se de mais um caso de desonra, de defloramento. O leitor mais desavisado, em erro, será tentado a desistir da leitura.

Quando se defronta com um caso destes, pergunta-se porque o autor não começou a obra com outro motivo: a morte de um cachorro, a derrubada de uma casa? O papel do ficcionista é ficcionar, não ficar preso a fórmulas prontas. 

A brincadeira (Nilto Maciel)




A última brincadeira de Alberto terminou mal. Funeral nem houve. Os parentes mais próximos choraram, mas sequer viram seu cadáver. Como estaria? Mutilado, disforme, horrível?

Alberto, um meninão. Ninguém o levava a sério. Para quê, se ele brincava até de chorar e rir?
O mundo é uma peteca, dizia. E largava a palma da mão no tempo.