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sábado, 18 de novembro de 2006

Estaca zero (José Alcides Pinto)


"Após as palmas e os chamados, Esmeraldo encostou à cara na tábua da porta e fechou um olho. No piso de madeira uma barata passeava, volumosa, tranqüila. Na parede a barba imperial do meu avô olhava para o lado da rua, cheia de rugas, solene. Mais ao lado, um Deus soprava nuvens e fúrias, ancião poderoso e terrível."

Um Canto, um Auto, um Grito Social, pode ser tudo isso Estaca Zero, o pequeno, mas significativo romance de Nilto Maciel, lançado pela Edicon, São Paulo.

A vida eterna de Luís Lamento (Nilto Maciel)



A notícia da morte de Luís Lamento arrastou para as ruas milhares de pessoas. O choro coletivo inundou as cidades num abrir e fechar de olhos, feito rios transbordantes. Alguns grupos iniciaram saques e depredações. Porta-vozes do governo trataram de desmentir a tragédia, antes que os pequenos tumultos se transformassem em grandes distúrbios. Apesar disso, os mais radicais não desistiram de quebrar vidraças, incendiar carros e praticar toda a sorte de vandalismos. A maioria, porém, conteve as lágrimas e voltou para casa. E a polícia baixou o pau em cima dos descrentes. Presos alguns, feridos outros, no início da noite acabaram-se as escaramuças.