Ronaldo Cagiano já me alertara para os méritos de Nilto Maciel no difícil campo das letras. Agora, Vasto Abismo, novelas, comprova-me a qualidade literária desse cearense de Baturité, radicado em Brasília, feliz trabalhador na poesia e na prosa, já com tradução ao esperanto, espanhol, italiano e francês. Maduro, como o vê João Carlos Taveira, “não é só um escritor. Além de um bom escritor e de um imprescindível articulador literário, é o artista da palavra que sabe compreender e assimilar os avanços estilísticos de seu tempo. E, como tal, procura, sem nenhuma demonstração de cansaço, o aperfeiçoamento do próprio estilo, para melhor conduzir a narrativa na construção de seus personagens”.
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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007
quarta-feira, 31 de janeiro de 2007
Com unhas e dentes (Nilto Maciel)
Há uma semana Dalila virava a cara para Aleodoro. Se ele fazia pergunta, ela não dava resposta. Ou respondia “com quatro pedras nas mãos”. Por qualquer motivo mandava os cinco dedos na cara dos filhos. E deixava o arroz queimar, esquecia de descongelar a carne, quebrava pratos na pia.
Aleodoro não pedia explicações. Sabia muito bem a causa de tanta birra. Andava cansado, aborrecido, sem vontades. Tantos anos de trabalho, e nem uma casa onde morar. Tanta dedicação à família, e aqueles filhos vagabundos, idiotizados. Tantos sonhos, e só desilusões.
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