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domingo, 25 de março de 2007

Sem fadas (Nilto Maciel)



Acordou assustado. Três homens dentro do quarto, a gritar, armas apontadas para ele. Amordaçaram e amarraram sua mulher. As crianças choravam no quarto vizinho. Um dos homens conduzia a mulher para junto dos filhos. Não iria maltratá-los. Ficasse sossegado o doutor Fulgêncio. Aliás, as crianças e a mulher ficariam presas no banheiro.

Por via das dúvidas, algemaram o dono da casa. Que desejavam, afinal? Iriam assassiná-lo? Não, nada de mortes. Doutor Fulgêncio não podia morrer. A sociedade carecia de sua autoridade, sua competência, sua experiência.

sexta-feira, 23 de março de 2007

Carmélia Aragão: literatura como paixão (Nilto Maciel)


As quinze peças ficcionais que compõem Eu vou esquecer você em Paris (Fortaleza: Imprece, Edição do Caos, 2006), de Carmélia Aragão, mostram uma escritora madura. E isso se deve a dois fatores: muita leitura e talento. O primeiro se pode constatar pelas epígrafes (Neruda, Salman Rushidie, Cortazar), pela menção a nomes fundamentais da literatura (Dostoievski, Flaubert, Emily Brontë, Virgínia Woolf, Goethe, George Orwell e outros), sem falar na composição “Página 12224”, de feição policial e ao mesmo tempo fantástica, a nos lembrar “O homem que sabia javanês”, de Lima Barreto.