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terça-feira, 27 de março de 2007

O discurso poético enquanto máscara: fragmentação, drama e exterioridade na obra de Pedro Casariego Córdoba (Ana Maria Ramiro)


"Lancei um piano ao mar para que se
convertesse em pianola. Acreditava que a
linguagem dos homens coincidia com a
do universo".
(Pedro Casariego)

Autodestruição, marginalidade e loucura são algumas das facetas estimuladas pela angustiante metáfora existencial dos poetas suicidas. A angústia inerente aos mortais, condenados desde o dia do nascimento à figura imprecisa da morte, transforma estes autores em estilistas do desencanto, em "mortais impacientes". Muitas vezes, a idéia ou metáfora da morte aparece na obra como uma espécie de profecia ou ainda como uma forma de exorcismo das verdades que não podem ser assumidas conscientemente, mas que acabam por transparecer no discurso poético.

A leste da morte (Dias da Silva)




É um livro de contos (47) do escritor Nilto Maciel. Cento e sessenta e uma páginas de contos. De contos curiosos. De contos feitos para releituras. Não lembro em que livro li que “o conto é uma peça nua. Este processo que se usa ainda de abrir espaços como divisão em capítulos é para novelas e romances. O conto é um tiro só: vupt e pronto. Tudo mais vai no implícito”. Os contos de Nilto Maciel são uma peça uma, como uma faísca, com rico conteúdo de coisas implícitas. De gente e de coisas que se vêem em frases simples; de realidade, absurdos e imagens surrealistas que terminam por arrumar um todo aceitável, realista, verossímil. Coisas irreais e absurdas que, no conjunto da leitura, vão se firmando no leitor como lógicas. O Autor vai levando-o à aceitação do personagem, da cena e do quadro como algo ordenado. Verossímil no mínimo.