Translate

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Grau zero (Dimas Carvalho)






Até hoje não sei se o que aconteceu comigo foi sonho ou realidade. Às vezes penso que devo ter perdido temporariamente a razão, que delirei e tive febre. Parece-me que passei por um período de insônias, delírios, suores frios, pés gelados, a cabeça doendo. Encontrei depois pelas gavetas algumas caixas de psicotrópicos, de dosagem elevada. No entanto, o meu médico afirmava que nunca estive tão normal quanto nesta época, pelo menos aparentemente. De modo que continuo sem saber o que pensar desses estranhos acontecimentos.

Um respeitável poeta (A. Isaías Ramires)


Já disseram que eu tenho má vontade com os poetas filiados à corrente modernista, o que não é verdade.

Embora seja de um tempo em que a métrica e a rima tinham peso considerável na avaliação da poesia, entendo que esses requisitos não são os mais importante nessa arte realmente difícil, embora pareça o contrário. Mesmo porque realizar obra poética não é empilhar palavras. O que condeno são os abusos, geralmente cometidos pelos despossuídos de talento, em nome desse liberalismo que nasceu com o Movimento de 22.

Estou com Baudelaire: “Poesia é a aspiração humana no sentido de uma beleza superior.”

Foi essa “beleza superior” que captei na leitura de Navegador, livro de Nilto Maciel, recebido recentemente, com gentil dedicatória do autor.

Como afirmou Francisco Carvalho, numa das orelhas do livro: “Nilto Maciel é, atualmente, sem nenhum favor, um dos nomes mais representativos da moderna literatura brasileira”.

Grande verdade, porquanto, além de poeta, NM é contista, novelista, ensaísta e romancista..

(Jornal A Gazeta, Vitória, ES, 15/7/1996)
/////