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sexta-feira, 22 de junho de 2007

O menino e o poeta (Nilze Costa e Silva)


(Dimas Macedo)



Querer bem à poesia de um autor. Quase não se fala assim. Pois eu digo que quero muito bem à poesia do Dimas Macedo. Principalmente à poesia do seu lado menino, retratado inicialmente no seu livro “A Distância de Todas as Coisas”, em que traz explícito o desejo de recuperar a criança perdida. Nos ritos emocionais, o gosto de reativar sensações passadas, religar-se, percorrer espaços e alcançar estrelas, em cujo centro se desenrola o renascimento espiritual do homem. Em parte da sua obra poética, o menino Dimas Macedo mergulha nessa sedutora viagem de ritmos, melodias e metáforas, reencantando seus caminhos, suas buscas, suas trilhas, partilhas e até mesmo as incertezas.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Paisagem celeste (Nilto Maciel)

























Pé ante pé, mão a roçar a parede, Luís deixou o quarto, passou pelo corredor e alcançou a ante-sala. Em cada mão um sapato. Parou, conteve a respiração, desceu o primeiro degrau e o segundo. Olhou para trás. Tudo calmo. Levou a mão à porta. Nada de barulho ao retirar a trave. Se Maria ou os filhos acordassem, inventaria alguma desculpa: esquecera de trancar a porta. E voltaria à rede. Sondou de novo a retaguarda: a parca luz da lamparina se infiltrava pela brecha da porta e alumiava uma nesga de chão do corredor. Ninguém tossia nem roncava.