
Acordei sobressaltado hoje. O telefone tocava sem parar. Imaginei cobradores e outros chatos. Era o contista Pedro Salgueiro: "Já sabe da notícia?" "Que notícia?" "José Alcides Pinto morreu". Quase morri de susto, embora esteja ciente de que todos morreremos e de que o velho poeta estava doente. "Atropelado por uma moto". Outro choque. Acidente de trânsito. Mas lembremos o poeta, contista, romancista Alcides Pinto, um dos melhores escritores brasileiros de todos os tempos. Os livros dele estão nas livrarias, nas bibliotecas públicas e particulares e devem ser lidos e relidos. José Alcides Pinto, nascido em São Francisco do Estreito, distrito de Santana do Acaraú, Ceará (1923), tem sido muito mais poeta e romancista do que contista. Apesar disso, é também nome fundamental do conto cearense. Seu primeiro livro no gênero é de 1965, Editor de Insônia, seguido de Reflexões. Terror. Sobrenatural. Outras estórias, de 1984. Em 1997 ambos foram reeditados, sob o título Editor de Insônia e outros contos, e, como informa Pedro Salgueiro, organizador da reedição, “muitos outros contos foram resgatados do ineditismo na presente edição”.