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quarta-feira, 11 de junho de 2008

Vou dormir (Antonio Carlos da Matta)

















Vou dormir


Quando meu Pai quiser.


Face a face, julgado.


Erros e acertos,
Sentimentos...


Minhas causas


Aparentemente perdidas.


Vou dormir


Quando meu Pai quiser.
Amanhã... Nossos rostos


Sem lágrimas nos olhos.


Juntos estaremos


Quando o Sol se puser.


Não haverá mais desertos,


Pedras no caminho, mares,


E vales a nos separar.


Tu és a divina Luz!...


Toda língua confessará.


Sobre as nuvens


Em Nova Jerusalém,


Louvores eternos


Sempre iremos cantar.


Vou descansar...


Quando meu Pai quiser.


Amanhã... Nossos rostos


Sem lágrimas nos olhos.


Juntos estaremos


Quando o Sol se puser.


Amanhã...

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domingo, 8 de junho de 2008

Dois pontos (Aníbal Beça)



No meu caminho
dou de encontro
com :
tisnados em paralelas
à espera da sentença
dialogando
com o chão


Essa conversa de pés
claudicante
tartamuda
gagueja
em tropeções
naquele que vem embaixo
rebatendo em eco
para o que está acima
pássaro preto
no telhado azul


Pelo vão desses :
de cabeça me arremesso
aventura em travessão
no sonho que não se quer
linha reta
horizontal
O . de cima leva sonhos
Epifania
O . de baixo lavra a pedra
Epitáfio
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