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sábado, 22 de maio de 2010

Conto de Nonato Costa

VELHO COSTUME – (Parte II)


Desde que chegara, sentara-se no banco próximo à porta e observava. Havia pessoas ali. No recanto à direita, sentada, uma senhora nos seus quarenta anos. Nas mãos, a xícara do café tilintava no contato com o pires trincado. Ao seu lado, os dois netos não se aquietavam. No outro, dois senhores com os seus chapéus na cabeça. Usavam bigode. Um deles tinha costeletas longas. Mantinham-se cabisbaixos e silenciosos. Esperavam a hora de sair. Em avançado estado de gravidez, uma mulher também esperava e espiava. Eram notórios o seu cansaço e o cochilo que tirava, recostando a cabeça na parede.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Em comum

Inocêncio de Melo Filho






Nós, homens de letras e palavras
Fomos feridos pelas mãos carrascas do tempo
Caminhamos entre os nossos contemporâneos
Como se as nossas chagas intraduzíveis
Estivessem ocultas.


Querem que falemos de nós.
Querem que sejamos específicos, objetivos.
Querem que mudemos a expressão dos olhos e da face.
Nos negamos às falácias e às vontades alheias.
Os nossos enigmas são nossos.
Tornaram-se bens, propriedades privadas de nossa essência
Não podemos partilhá-los com ninguém
É o que nos restou dos árduos combates...




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