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domingo, 1 de agosto de 2010

Tempo (Emanuel Medeiros Vieira)




Em memória de Evandro Magalhães e de Stuart Angel
Para Maura Soares


Dizei-me em tempo o que é o tempo?
Senhor, antes de cruzar a ponte, Ensinai-me:
linha reta de eterna agonia?
bússola na encruzilhada?
Sim, o choro de uma menina nascida na luz de agosto,
de um menino junto à flor de maio.

É o vento?
O espaço?
O mar?

Meus mortos não me respondem, Senhor.
Tempo: não o retenho -
areia da praia que escapa da mãos.

Lapso no cosmos,
cometa errante,
eu sei, Senhor: assim sou:
pretérito menino contemplando a gaivota,
sentado no trapiche da Praia de Fora.

(Salvador, julho de 2010)
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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Poemas de Inocêncio de Melo Filho

(Mosteiro dos Jesuítas, Baturité, Ceará)

Vitória

Os sinos dobraram
Não os escutei
O sono venceu o cansaço
E a minha ida ao templo.
(09/05/10)


Ao que ficou

Para Danyhele

Nossas faces frente a frente
Bocas na mira
O beijo não veio
Nem foi
Ficou o desejo desenhado
Nos meus lábios.
(04/05/10)

Lição do tempo

Eu sou poeta
Funcionário público e pai de família.
Já fui o herói dos meus pimpolhos
mas o enredo se transfigurou.
A nova trama me assusta
Perdi o domínio do texto
e minha voz se perdeu no barulho.
O tempo me diz que é assim mesmo.
Subsistir é o princípio
para que se alcance o final da história.
(12/06/10)

http://www.transitoriodiamante.blogspot.com/
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