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sábado, 21 de agosto de 2010

Recortes (Simone Pessoa)

(Quadro de Chico Lopes)

simoneps@fortalnet.com.br

Revivi minha infância em companhia de minha avó, no centro de cidade. Lembrei-me da forma como passeávamos de manhã cedo à beira da praia. Nostalgia? Talvez. O certo é que todos nós temos uma necessidade interior de fortalecermos os nossos elos com o passado. Esse encantamento dos tempos de criança levarei para o além.

Mas a passagem do tempo é assim mesmo, nos transforma! Vivemos por viver a vida de algo ou alguém. Um abismo que toca o meu abismo. E no final continuamos os mesmos quadrados de uma só cor, ofuscados pelo brilho diferente e mais jovial de cores vibrantes.

Que oportunidades te estimulam e ambiciosamente te lançam para conquistar? Perguntas que vão construindo um ideal. O que importa é o enigma, é a pergunta, a curiosidade. Os reinos subjetivos mais presentes e fortes do que a “realidade”.

A escrita nos revela. Escrever é para mim um sonho acalentado há muitos anos. Quisera eu ter o domínio da palavra e a capacidade de transpor para o papel as inquietações do meu espírito. É adicionando poesia em nossas vidas que temos um sabor bem diferente...

O texto merecia uma música de fundo e coloquei More Than Words. Profundo, firme e verdadeiro. Um toque todo especial de poesia.

Às vezes acho que é injusta a roda da vida, tanta luta, tanto amor e um dia tudo acaba... Porém, a felicidade não custa muito. O apreciar dos pequenos gestos, das coisas simples da vida, é o que nos faz verdadeiramente felizes. O importante é sentirmo-nos descarregados, despoluídos, limpos, enxaguados e leves. Assim, segues te autocriando...

Tratar o problema do outro é também parte do nosso problema. A humanidade só caminhará para o bem quando todos tiverem consciência disso. Um convite a sairmos de nós mesmos e irmos à luta em busca de ajuda ao próximo. Isso demonstra com nitidez o grande sentimento de humanidade.

Quanta sensibilidade! Quanta sabedoria! Mas o curioso é que, ao contrário do que se poderia supor, todos os pensamentos acima foram formulados exclusivamente por leitores desta coluna e não pela cronista que ora escreve.

Nessa página, resolvi homenagear meus leitores. E a maneira mais autêntica que encontrei foi reproduzir trechos de mensagens e manifestos enviados por eles. Assim, leitor, você poderá se enxergar nesses recortes e reivindicar a coautoria.
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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Saramago: Todos os Nomes (Tânia Du Bois)


José Saramago faz parte das nossas vidas. E relembrá-lo através de Todos os nomes é fazer referência ao setor cultural e desfrutar de sua companhia em todos os momentos.

Todos os nomes foi a obra que escolhi para comentar, por ser marcante pela sua criatividade, transmitindo uma literatura de qualidade, sem contar as mudanças positivas no seu modo de escrever: grandes parágrafos e grandes ideias.

Todos os nomes trata da história de um escriturário do Registro Civil, José, que fazia coleção de nomes e de recortes de jornais. Certo dia agradou-se do nome de uma mulher e seu desejo de conhecê-la o levou a ignorar as regras do bom funcionamento dos serviços públicos; aproveita-se da vantagem de ser escriturário, para procurar em todos os arquivos dados que o levassem até a mesma. Também, não se detém ao ultrapassar a marca do permitido, para descobrir algo sobre a mulher com aquele nome.

“Pessoas assim como este Sr. José, em toda a parte as encontramos, ocupam o seu tempo ou o tempo que creem sobejar-lhes da vida a juntar selos, latas vazias, pedras... vão tentando pôr alguma ordem no mundo, por um pouco de tempo ainda conseguem, mas só enquanto puderem defender a sua coleção...”.

Com coragem, o personagem passa pela porta do proibido e avança nos arquivos, copiando os dados, o que o deixa feliz e satisfeito ao ter conhecimento do todo.

Ao viver de mentiras, que dão significado a sua vida, passa momentos de suplício ao se deparar com a data da morte constante nas anotações da desconhecida mulher.

O livro está recheado de conteúdo em sua beleza e profundidade com que aborda o silêncio e a solidão do personagem, dando qualidade intrínseca à importância e à significância do nome. O autor nos dá o valor absoluto do nome, como vida; o valor humano, profundo, que repousa na raiz da cultura, enquanto espírito.

“Conhecer o nome que te deram, não conheces o nome que tens”.

“Além do seu nome próprio de José, o Sr. José também tem apelidos, dos mais correntes, sem extravagâncias onomásticas...”.

Todos os nomes, em cada parágrafo, nos faz sentir vivos, retratando o valor do nome no sentido da expressão humana. É sensível a ponto de envolver o leitor em toda a arte encontrada, para refletir que o nome é a nossa natureza, nossa alma, nossos sonhos, nosso inconsciente e, principalmente, a nossa história.

Todos os nomes é Saramago, escritor consagrado e inesquecível, que agora ganhamos (ou perdemos) para a eternidade.
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