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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Inverdades (Tânia Du Bois)


“... eu me alumbro com a mentira, ela se deslumbra com a verdade” (Carpinejar)

É o processo de socialização que define o que é aceitável ou não. Omissões voluntárias, inverdades e mentiras fazem parte da vida social.

Toda verdade é relativa e devemos considerar “as mentiras” associadas ao desempenho de alguns papéis profissionais. Neles, podemos incluir os poetas que usam a “flexibilidade moral” para revelar os mistérios da literatura; dar vida a expressões mortas, criar palavras com sentimentos. Como afirmou Mário Quintana, “A poesia é talvez a invenção da verdade”; e na tradução de Antônio Olinto: “... a poesia acaba sendo a invenção da verdade ou a invenção de pequenas grandes verdades que, por momentos, elevem o homem acima da sua contingência.”

Maria de Lourdes Mallmann ao poetizar “Inverdades”, apresenta:

“Na vida somos atores / representando papéis / que nos impedem de Ser.

Vivemos uma inverdade / na prática de ações / que não queremos fazer.//
...
Os sonhos são ilusões / enganando a todo instante / fraudando as esperanças.

O artista mente, inventa / cria o que não existe / sobrevive da lembrança.”

e comenta: “as mentiras do homem podem ser as verdades do poeta. Ou será que a poesia é uma mentira que o homem quer revelar como verdade? Na poesia é necessário perceber a grandiosidade do que expressam e refletir nos mistérios da vida e da existência.”

Umberto Eco, juntamente com Marisa Bonazzi, em “Mentiras que Parecem Verdades”, analisa a pluralidade dos significados num mesmo significante, sempre voltado ao pensamento filosófico, não perdendo o equilíbrio do discurso, e mostrando-nos a consciência crítica dos perigos do ilusionismo.

Os poetas não podem ter o senso do certo ou errado; inverdades, porque toda a verdade é relativa: o que pode tornar a mentira uma questão moral é a intenção do mentiroso e a flexibilidade moral pode ser a chave para o sucesso profissional.

Temos Pedro Du Bois que retrata o que os poetas dizem porque não temem o que sentem:

“Mentiu o compromisso / de trazer a luz da manhã

presente no movimento / e no descompromisso

com que a natureza / produz seus fatos
...
Não mentiu o sonho / de transfiguração do corpo

e nele a luz / permanece inconstante.”
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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Comentário de Emanuel Medeiros Vieira

Caro Nilto


Muito bom o teu texto sobre o Trevisan.

Homens que apanham da vida....

Na captação das vidas pequenas, anônimas, cinzentas, tão "desimportantes" (que, para mim, valem mais que as chamadas existências napoleônicas e soberbas), é feita uma profunda radiografia da condição humana.

Abração do Emanuel Medeiros Vieira
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