Translate

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Pintar também é escrever (Tânia Du Bois)


Os poetas produzem belos poemas, mostrando as ¨belas cores¨ que o mundo tem. Algumas palavras adquirem poder imaginário, como a arte de pintar, que também é escrever, que contamina o pensamento e traduz em imagens, cores, ideias e em ideais da sociedade. Posso imaginá-la na sua poética, pois, “um pintor de talento é sempre um escritor”, como disse P. M. Bardi e como demonstra Pedro Du Bois, em seu poema:

“colorir palavras telas foscas / espremer textos com bisnagas /

jorrar tinta jorrar letras // fazer estrofes murais cimentados /

rasgar papel em lápis espátulas / colocar em viés ideias literárias //

... // espatular versos ziguezaguear temas / fechar cadernos cobrir telas /

esperar o tempo certo / para que sequem”.

Os artistas plásticos possuem a forma velada de cores que se incorpora num jogo de formas oriundas da cor que cria ritmo. Como disse Paul Klee (1879/1940), “A cor me possui não preciso conquistá-la. Somos uma só”. Ele conciliava arte e música, pois no seu ateliê, no lugar das telas, partituras; transformava a palavra e o gesto. Segundo Klee, a função da imagem é exprimir um sentido, como vemos em Murilo Mendes,

“Qual a forma do poeta? / Qual o seu rito? / Qual sua arquitetura?”

Pintar é conhecimento e, quando revelado, o segredo das formas nos é imposto na condição de observador, para que o espírito e a inteligência se relacionem na sua leitura.

A arte tem servido para ilustrar essas ideias e entender mundos mais inatingíveis. Mas é a leitura cuidadosa e penetrante que vai tentar dizer algo da impressão que a mesma produz a partir do que "lemos" ao vê-la. Ela também nos enriquece culturalmente, revelando os sentimentos, os comportamentos e os valores: o que é visto, sentido e discutido.

Pintar também é escrever, por vezes gera inquietação, chega a uma realidade que faz do artista um criador com sensibilidade para exprimir em palavras, traduzir as cores e formas.

“Ela é uma flor. / Como pode? / Não tem a beleza, a suavidade,

nem / mesmo a cor. / Como pode? / Não se chama Rosa,

Margarida, ou Hortência. / Serão os espinhos? / A amargura,

o ressentimento, o desdém, o tempo fixou. / Se nem mesmo

a essência, / como pode? / Ela é uma flor. / A linguagem

a transformou”. (Benedito Cesar Silva)
/////

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sobre reflexões (Belvedere Bruno)

http://www.belvederebruno.prosaeverso.net/




Gosto de tomar decisões, mesmo que isso implique uma brusca mudança em minha vida. Sempre fui assim. Isso não significa que só tenha tomado decisões acertadas. Claro que errei, mas fiz questão absoluta de sempre decidir. E os erros me ensinaram, sem dúvida. Hoje, porém, mais do que nunca, estou bastante seletiva em relação a tudo. Não é qualquer coisa que prende minha atenção, não é qualquer assunto que me interessa, não é qualquer pessoa que me convence. E uma regra é básica: se não estou bem com alguém ou em algum lugar, retiro-me. O que posso esperar das pessoas é compreensão e respeito para com minhas atitudes.

Sempre dói saber que, por motivo fútil, se perdem amizades. Faço questão de conservar aquelas que realmente suportam mudanças: maremotos, vendavais, vulcões. A essas, dou-me por inteiro, pois provam que, acima de tudo, conhecem e respeitam o livre-arbítrio.

Atualmente, há em mim um forte desejo de alçar novos voos, percorrer outros caminhos, ousar. Jamais deixarei de ser assim. Sou estável nas amizades e gosto de saber quando há, de fato, reciprocidade, que independe de normas pré-estabelecidas, de opiniões sempre concordantes. Não! Existe a questão "individualidade". Por isso e por outras coisas sempre digo: sou única, como todo ser humano. Não existe uma pessoa idêntica a outra e esta é uma razão forte para que aceitemos as diferenças. Isso torna a vida mais rica.

Infelizmente, muitas pessoas não aceitam a verdade e lidam com a absurda meia-verdade. Não insisto em manter amizades (?) que o tempo provou não passarem de bolhinhas de sabão!

Acabei de tomar meu Amaretto on the rocks, que adoro. Estou lendo "O filho da mãe", de Bernardo Carvalho, pois é vital para mim estar com um livro, lendo um poema, ouvindo uma música, assistindo a um filme, ou escrevendo.

Fico por aqui. A caminho do curso de "Contadores de Histórias", convite maravilhoso que recebi de minha amiga Teresa Mello. Aliás, amiga há trinta anos. Isso prova que uma amizade verdadeira não morre. Ela ultrapassa vulcões em ebulição e ainda chega sorrindo. Brindemos!
/////