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sábado, 27 de novembro de 2010

Mário da Silveira em edição fac-similar


Edição fac-similar de Coroa de Rosas e de Espinhos, de Mário da Silveira, poeta precursor do Modernismo no Ceará. Livro póstumo, composto também da homenagem de amigos como Mário Linhares, Sales Campos, Gastão Justa e Sidney Netto. Compõem o volume No Silêncio da Noite (fragmentos), publicado em 1916, e "A Eterna Emotividade Helênica", conferência proferida por ele na Casa de Juvenal Galeno, em 1919. Nesta 2ª edição, de 126 páginas, patrocinada pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), coordenação editorial a cargo de Raymundo Netto, há um “Estudo Introdutório”, de Tito Barros Leal; o “Prefácio à primeira edição”, de Antônio Sales; e um “Apêndice”, ensaio de Edigar de Alencar.


Mário da Silveira nasceu em Fortaleza, Ceará, em 17 de setembro de 1899. Filho de Raimundo da Silveira Gomes e Teodolinda Matos da Silveira, estudou nos colégios Nossa Senhora do Carmo e no Instituto de Humanidades. Grande leitor de clássicos, erudito e precoce, publicou, em 1916, No Silêncio da Noite: fragmentos (de um de seus poemas) pela Tipografia de Irmãos Jatahy. Em 1919 realizou a conferência "A Eterna Emotividade Helênica", na programação da Casa de Juvenal Galeno. Em breve passagem pelo Rio de Janeiro, trabalhou como secretário de João do Rio, em A Pátria, cultivando amizade com Raul de Leoni e Ronald de Carvalho. Em 1920/21, bem antes da Semana de Arte Moderna em São Paulo e da chegada, às livrarias, de Luz Mediterrânea, de Raul de Leoni, escreveu o inquietante poema “Laus Purissimae”, composto não somente de versos polimétricos, mas de versos livres, o que o credencia como legítimo precursor da corrente modernista no Ceará. Em 1921 retornou a Fortaleza e, neste ano, na noite de 22 de julho, com pouco mais de 21 anos, foi alvejado por cinco tiros, na Praça do Ferreira, o “coração da cidade”. Coroa de Rosas e de Espinhos foi publicado (1ª edição) por amigos e admiradores, após a sua morte, numa tiragem de apenas 500 exemplares.
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A cidade das casas abertas (Ádlei Carvalho)

http://adleicarvalho.blogspot.com/




Era uma rua torta

Que eu varava ligeiro

Atrás das andorinhas

E toda a gente assistia

Das poltronas e varandas

Porque naquela cidade

As portas e as janelas

Passavam os dias abertas

E só se fechavam à noite

Por causa dos pernilongos.



Nada naquele lugar

Oferecia perigo

A não ser o de criar

No espírito aprendiz

A ingênua fantasia

De um mundo sem paredes

E corações sem tramelas

Repletos de ruas tortas

E bandos de passarinhos.


(À cidade de Ferros - MG)
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