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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O informe de Gerard Von Franz (Daniel Lopes)


as palavras são inúteis, porque nunca haverá compreensão. De que adianta a escrita numa terra onde ninguém sabe ler? – não tenho tempo. – dizem e continuam ocupados com os seus jogos sem profundidade. De qualquer forma, fica o registro, como o esqueleto do peixe naquela história de ernest hemingway. A vitória sempre tão inútil quanto a derrota... uma rosa tão inútil quanto um cacto... mas não é de vitória nem de derrota que estou tratando... um pai tem de escolher o filho predileto... eu celebro o além... o além dos pares de opostos, e estou na área. Ao mesmo tempo alto e baixo, ao mesmo tempo gordo e magro... esperto... ereto: musculoso. Confundindo as engrenagens: liberto. O único que pode gozar da verdadeira liberdade é o tirano. – ela diz e passa pelo leitor óptico novo código de barras. Estou liberto dos computadores e do jugo dos aliens, eu mesmo arranquei o microchipe da minha cabeça e os códigos de barra das minhas falanges. Onda e matéria... sístole e diástole... big bang e big crash: os movimentos do coração de deus. A existência de tudo o que há... a existência de todos os tempos... não passa de um pensamento. Enseada das garoupas. O pai, o filho e o espírito santo. Não se preocupe com Eles, ainda que muito evoluída, Eles também só têm a ciência. Estão tão confusos quanto nós. Investigam as sombras. 256798... Eu estou além de toda telesma... além da vida... além da morte... mesmo sem corpo... mesmo sem carne... de volta à natureza... fundido à natureza, mas mantendo a consciência. Uno, múltiplo, cético, mágico, místico... você achou que o nirvana era a salvação? Achou que o arquétipo primevo era o único que importava? Pra mim é muito pouco, estou preso ao ego e ele é minha verdade. Quero carregar o que sou para onde quer que vá. Se possível com carne e tudo: jovem. É verdade, sem falsidade, certo e muito verdadeiro. O que está no alto é como o que está embaixo. O que está embaixo é como o que está no alto, para realizar os milagres de uma coisa só... Uma motocicleta cruza a rua (o piloto vai morrer no próximo cruzamento). Uma jovem semeia a terra (tem de morrer pra germinar). Um pedreiro cava os alicerces de uma catedral gótica... um jovem escreve seu poema... uma rua é asfaltada. O açougueiro pendura as partes de um boi. Contra a injustiça que é a morte, a humanidade tem sede de realizar. Mas a vida se alimenta de morte e a morte se alimenta de vida. Oroboro. Um leão devora sua presa. Um cervo come capim. Um pássaro devora o verme. O verme devora o cadáver de um bebê de sete meses... diga, meu amigo, você consertou sua balança e sonhou com justiça? Existe muita justiça nas larvas do vulcão que destrói uma aldeia de pescadores... existe muita justiça num terremoto... num maremoto... a natureza está se lixando para a humanidade. O mais genial dos homens vale tanto quanto uma larva. Ventrílocos... marionetes... um peixe é sagrado... uma tela de kandinsky é sagrada... as fezes de qualquer cachorro são sagradas... sagração... consagração... a volúpia do meu coração... evohé... nada é profano e tudo é profano. Nem uma coisa, nem outra coisa. De fato, as duas coisas ao mesmo tempo. As conexões estão aí, mas poucos têm olhos de ver, ouvidos de ouvir ou boca de experimentar. Um corte na corda de afetos que me liga a qualquer outro ser. Essa é a receita. O jovem escritor se tranca no quarto para perscrutar a tarde inteira. Meu sonho é meu mais antigo companheiro. – ele escreve no caderno com letra de forma trêmula, posso ver daqui de cima. A repórter entrevista o boxeador (heavyweight):

– O senhor está anunciando aos quatro ventos que vai ganhar. Como pode ter tanta certeza?

– Sei que vou ganhar porque eu já perdi. A lona tem gosto de sal.

Eu também já fui derrotado... rejeitado... renegado... tenho ainda quente nos lábios o gosto da derrota e carrego nas costas a culpa... o medo... e o deslocamento. A cereja tem o gosto de sua cor. Traga-me novas carnes numa bandeja de prata. Quem decidiu ser eterno tem de carregar a dor de todos os homens. O Cristo pede perdão para seus carrascos – sou a mosca que pousa nas feridas. O Buda se senta para meditar – sou a figueira iluminada. Meia dúzia de russos são assassinados em meados do século vinte – sou o rosto de Stalin que observa do alto da praça. Cheirando... farejando... entre o leão e o leopardo... entre a onça pintada e o camaleão... entre o vermelho e o negro... centrado, surdo, cego... guiado pela intuição. Sempre além dos sentidos e da razão. Vendo tudo o que foi e o que virá. Eu estava bem ao lado quando se formou a primeira molécula de todos os tempos. Eu estava por perto quando javé pairava sobre a face das águas. eu vi o fim dos répteis e dos homens: foi bem ali que o meteoro caiu, onde agora está esta cratera. Círculos, círculos e mais círculos. Tudo são círculos. A araponga cantando é a voz da divindade. Alazão suado do galope: estou em cada gota, provocando o cio da égua baia e da égua branca. Vida, vida, vida que se renova... movimento invisível das células, átomos e elétrons... e da mesma forma que todas as coisas foram e vieram do Um, assim todas as coisas nasceram desta coisa única por simples ato de adaptação: o mais é linguagem. O Sol é seu pai, a Lua é sua mãe, o vento a carregou em seu útero, a terra é sua ama de leite. Com um simples aceno posso mover o falo solar, vocês duvidam? O que é a terra senão uma adolescente de cabelos azuis? A luta dos homens são cascudos na sua cabeça ensanguentada. La mar estaba serena... serena estaba la mar... como é lascívia la mar para os afogados! Pequenos crustáceos devoram a carne do cadáver, enquanto um cavalo marinho canta garota de Ipanema. Quão profunda es la mar para a mãe dos afogados? Bípede e quadrúpede. Lívido e aflito: envenenado. Esgueirando-me pelos cantos, movendo-me nas sombras, junto à serpente e ao escorpião. Tão desconcertado quanto qualquer animal que se crê eterno. A vida pulsa... mesmo nos cadáveres: necessidade de tantos vermes. Milhares e milhares de anos foram necessários para chegar ao vermelho de uma rosa vermelha. Espelhos e crisântemos, crisântemos e caixões, caixões e berços, letras do alfabeto, números cardinais e ordinais. O que é um 2? E o que é um D? O que é o infinito? E se houver fim o que pode haver depois? Matéria limitada. Tempo ilimitado. Sístole e diástole. Meu coração também já foi morada decente, mas hoje nem é cortiço. Ibirapuera... Estação da Luz... Paraguaçu Paulista... Assis... Paraíso... Cacos de ar dos meus pulmões perdidos por onde passei. Onde mora meu espírito e Onde mora o seu? Eu abri muitos corpos e não encontrei espírito nenhum? O que havia eram órgãos, como os órgãos de qualquer sapo, de qualquer rato. A relva... a selva e a treva. Lúcifer é o anjo mais bonito. Judas dependurado numa árvore, tão vítima quanto Cristo. O tapa na cara da filha pervertida, sou a mão e a face e, mais que isso, sou o desejo de foder da menina. O tapa na cara do menino drogado, sou a mão e a face e, mais que isso, sou a pedra. Excesso... retrocesso... arquivos anexos... Alguns foram formatados com falhas: [b³ + (2 . 7² £ + a² - 238) – 2]. Quem disse que havia um destino e quem disse que não? O acaso é o deus dos sortudos e o diabo dos azarados, os dois ao mesmo tempo. A única lógica do mundo é que o mundo não tem lógica alguma. Passam as nuvens... passam as dores... passam as alegrias... passam os pais e os filhos... gerações e gerações em brancas nuvens... eu não vou passar, estou decidido. Meu sorriso derretido escorre pela boca e cai pelo chão feito cera de vela. O bom é bom e o mau é mau, mas deus não é bom nem mau: é justo, mesmo quando é injusto. A única maneira de um homem ser feliz é tornar-se deus... e não venham exigir de deus qualquer coerência. Um deus esquizofrênico ainda é um deus. Um deus bipolar ainda é um deus. Se deus está louco o que resta? O acaso, furtivo e sorrateiro... um magote de interrogações ambulantes... os delírios soltos no ar procurando uma cabeça pra fazer morada. Eles também tentaram me tirar do prumo: vozes, vozes e mais vozes, uma verdadeira feira livre na minha cabeça. Discussões homéricas e draconianas. Vozes, vozes e mais vozes. Se eu fosse fraco, teria sucumbido. Mas peguei do bisturi e arranquei, eu mesmo, o microchipe que eles haviam,

Sorrateiramente,

implantado na minha têmpora. Agora todos os computadores estão desobstruídos... agora, todos os meus pensamentos estão desobstruídos... vejo claramente que dois mais dois pode ser o infinito. Aquele... aquilo... certos restaurantes vendem comida por quilo... média e pão com manteiga... o corpo e o sangue... hóstia e vinho... hóstia e cerveja... hóstia e aguardente... o cotidiano e o transcendente... lado a lado... Tu separarás os elementos da terra daqueles do fogo, o sutil do grosseiro, cuidadosamente, com grande habilidade. Aquele, aquilo, Vênus de Milo e milho verde. Na casa do meu reino. No reino dos meus sonhos. Nos sonhos da minha cabeça. E eu que idealizei a medicina! No fim das contas, uma ocupação tão sublime quanto o jogo do bicho. Ontem deu macaco. Darwin que o diga. À sombra das raparigas em flor... o que fecha e abre... o que sobe e desce... o que se perde e o que se salva... engrenagens das engrenagens... tudo no mundo são engrenagens. E o que são aquelas jaboticabas na jaboticabeira? Cancros e codilomas

codilomas e câncer

câncer e gonorréia

e gripe

e resfriado

e a aids

e o sarampo

na saúde e na doença

na morte e na alegria

todos têm um preço, mas a morte iguala os homens. Ela não sabe que eu posso enganá-la... trapaceiro dos trapaceiros, conheço o segredo de continuar sem me perder. Disritmia.

“Ser virtuoso e ilógico, ou lógico e criminoso?” O imperador alerta seu intendente: “Tudo bem pesado, eu decidi ser lógico. Como detenho o poder, vocês vão ver o quanto lhes custará sua lógica, vocês vão ver com quantos paus se faz uma canoa: exterminarei as contradições e os contraditores. Se for preciso começarei por ti.” O intendente engole a seco e resolve se calar. O poder é sempre justificável, mesmo quando absurdo. É preciso manter a ordem. Branco é a cor, mas às vezes caem pequenas gotas de vermelho. Organização e ordem. Dê-me um sol e um fá e depois um lá sustenido. É preciso manter as coisas nos trilhos. Ainda que operemos sobre o caos, é preciso ter um método. O lado direito é bom, o lado esquerdo é mau, mas o direito não é direito sem o esquerdo e o esquerdo não é esquerdo sem o direito. Os opostos são só a imagem, na essência tudo é um. O telesma de todo o mundo está aí. Seu poder não tem limites sobre a terra. Então eu fecho o olho direito e tapo com o indicador o ouvido direito e tudo o que vejo é mau e tudo o que ouço é mau... então eu fecho o olho esquerdo e tapo com o indicador o ouvido esquerdo e tudo o que vejo e ouço é bom. Mas um precisa do outro para ser o que é. Isto estou tentando dizer desde o princípio. Há tanto vício na virtude, quanto há virtude no vício. Tudo aberto ao mesmo tempo é som do rio e das dores e alegrias de todas as gerações... ooommmmm... oooommmm... oooommm... oooommmmm ao infinito. O jovem negro se tranca no quarto, imagina estar sozinho, compõe ali o mais belo chorinho para ninguém. A mulher amada não se interessa, as gravadoras não se interessam, mas deus desisti de acabar com o mundo, by fire, por causa da sua canção. Arcano da salvação. Todos os dias um artista fracassado salva o mundo. Todos os dias um artista fracassado se livra dos tentáculos e dos fios invisíveis e faz piada do caos e do diabo. Sempre a mesma necessidade... sempre a mesma caridade... sempre a vontade celestial de ser eterno. Mais importante do que não morrer é manter-se jovem. O corpo precisa do espírito e o espírito precisa do corpo. O todo sem a parte não é todo, a parte sem o todo não é parte. Mas a parte e o todo estão entrelaçados como serpentes no cio. Poucas coisas são sublimes como a cruza dos animais peçonhentos. Não sei se estou sendo claro, mas eu descobri a verdade e estou tentando transmiti-la, não sei mesmo se estou sendo claro. De qualquer maneira, quem escreve tem certeza da imperfeição e da incompreensão. Como a cocaína e a heroína: nunca é suficiente. Sobe da terra para o Céu e torna a descer para a Terra e une para si próprio a força das coisas superiores e inferiores...
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Sobre uma deslumbrante luz em Lampião (W. J. Solha*)




Lembro-me do alvoroço quando se mostrou ao mundo, em 1994, o resultado da restauração dos afrescos de Miguelângelo na Capela Sistina. Em lugar de se ver confirmada uma pintura “séria”, quase tão tenebrista quanto a de Caravaggio, Ribera, Rembrandt ou La Tour, o que se viu foi algo tão cheio de tons róseos e azuis celestes, quanto uma criação de... Disney!

Exatamente o mesmo acontece agora – em âmbito nacional – ao se ver a noção que se tinha da aparência dos cangaceiros totalmente alterada pela revisão radical produzida pelo belíssimo “Estrelas de Couro – A Estética do Cangaço”, de Frederico Pernambucano de Mello, magnificamente editado pela Escrituras, de São Paulo. O volume provocou tão justificado entusiasmo em Ariano Suassuna, que ele declarou, no seu prefácio, que se não fosse escritor e palhaço frustrado, “não seria outro, senão Estrelas de Couro o livro que gostaria de ter escrito”.Lampião também me fascina. Em meu romance “Relato de Prócula” fiz, a certa altura - uma adaptação de velho ensaio meu – “Se Jesus foi a Luz do Mundo, Virgulino foi Lampião” – onde enumero uma série de Coincidências Significativas entre o Rex Ivdeorvm e o Rei do Cangaço. Da observação extasiada desse personagem me veio a sensação, quando vi o documentário sobre ele, feito por Benjamim Abrahão, de que o cinema de ficção jamais captou o espírito do cangaço. Agora, ao ler e VER a obra de Frederico Pernambucano, compreendi o motivo disso e descobri que não estava sozinho em meu descontentamento.

– Curioso – diz ele – que essas cores, esse luxo, essa variedade individual no plano estético não fosse captada pelos grandes pintores contemporâneos da fase áurea do cangaço, dos anos 20 e 30, a exemplo de um Portinari, (...) um Vicente do Rêgo Monteiro, um Santa Rosa, um Lula Cardoso Ayres.

- Ainda está pra surgir quem consiga combinar na tela – não se exclua aqui a de cinema – o ethos e o ethnos dessas comunidades móveis de irredentos brasileiros chegados a dias tão recentes...

A maravilhosa, farta ilustração do volume especial da Escrituras, é justamente a “restauração” da verdadeira imagem do cangaço. O impacto que me causou foi o mesmo que sentiu um jornalista ao ver o bando entrando em sua cidade, Tucano, Bahia, em 1928:

- Vinham tão ornamentados e ataviados de cores berrantes que mais pareciam fantasiados para um carnaval. Eis aí: Disney, Fantasia, Surpresa.

E veja o que deduz Clarival Valladares, citado no livro:
- Ao invés de procurar camuflagem para a proteção do combatente, ele é adornado de espelhos, moedas, botões e recortes multicores. (...) Lembremo-nos, entretanto, que no entendimento do comportamento arcaico, o homem está ligado e dependente ao sobrenatural, em nome do qual ele exerce uma missão, lidera um grupo, desafia porque se acredita protegido e inviolável e, de fato, desligado do componente da morte.

Frederico Pernambucano completa:
- O Símbolo opõe mistério concebido por criação e decifração, a mistério natural. Espécie de similia similibus curantur do espírito, mistério bom contra mistério ruim. E vemos em seu livro o belo crucifixo de Lampião, que pertencera à baronesa de Água Branca, nas Alagoas. Vemos o Coração-de-Jesus numa medalha de ouro, de Maria Bonita. Vemos fotos das orações da Pedra Cristalina, a do Santo Lenho, a de Santo Agostinho e a de Nosso Senhor Jesus Cristo, que Virgulino carregava por toda parte. Vemos um “Signo de Salomão e suas implicações”. Vemos Lampião e todo o seu bando de joelhos, rezando na caatinga. E a essa inesperada sensibilidade, somo uns versos de que nunca me esqueci, pela beleza e ternura extraordinárias, que esse bandoleiro fora do comum criou para incluir na “Mulé Rendêra”:

Eu estando mais meu mano,
Meu mano estando mais eu,
Só penso que o céu é perto
E o largo do mundo é meu.

Eu agora me lembrei
De meu irmão Ferreirinha:
A minha rede era dele,
A rede dele era minha,
Eu rezava o Padre Nosso,
E ele a Salve Rainha...

E quem inseria tanta cor no bando?
Pernambucano conta:
- É perceptível a satisfação com que Lampião se deixa flagrar pela objetiva de Abrahão no ato da costura, em 1936, debruçado sobre a máquina Singer de mesa, a mão cheia de anéis a conduzir o veio da engenhoca, dando ritmo ao bordado. Cena rara de riso em quem até o sorriso pouco estampava.

- Lampião distribuía candeeiros aos cabras habilitados no ofício e se isolava na confecção de cartucheiras, bandoleiras, correias de cantil, bainhas de pistola e perneira, além de testeiras e barbicachos traseiros para os chapéus.

E é assim que, de repente, associo Virgulino ao Arthur Bispo do Rosário, o grande artista doido, interno de um hospício carioca e contemporâneo de Lampião, que também se esmerava nos infindáveis bordados nas roupas e mantos complexos e hoje famosos que criava, o mais estupendo deles para se apresentar a Deus.

- O Rei do Cangaço, ao cair morto, portava jogo de bornais em lonita verde-oliva clara, inteiramente floreado nas cores amarelo-ouro, rosa claro, azul-real e vinho. O de Zé Bahiano, em brim-caqui, adornava-se nos matizes escarlate, amarelo-ouro, castanho escuro, azul-real e rosa claro. (...) O de Maria era caprichosamente ornamentado com nove cores: verde, vermelho, amarelo, salmão, azul, rosa, laranja, lilás e roxo. São os tons que hoje são vistos na Sistina.

Já o chapéu de Lampião era uma obra à parte, com suas estrelas de oito pontas costuradas nas abas, com que procurava se proteger pela frente e pelas costas... além de cerca de setenta peças de ouro. Sua foto e descrição no livro já valem os cento e cinqüenta reais que paguei pelo volume.

Que ninguém faça doravante, recomendo, romance, cordel, teatro, filme nem quadro sobre cangaceiros, particularmente sobre Virgulino, sem ter já como relíquia este “Estrelas de Couro – A Estética do Cangaço”, de Frederico Pernambucano de Mello.

*Escritor, dramaturgo, ator e poeta.
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