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sábado, 29 de janeiro de 2011

Três poemas de Pedro Du Bois

Hóspedes


Hóspede na inutilidade perco

a paciência em obviedades:

ao responder anseios interiores

rasgo paredes com palavras

alarmadas ao milagre e refaço

a noite divulgada ao acaso: junto

o teor do expediente e o declino

em versos: no inverso da jornada

esqueço a escala crescente

das necessidades:


hospedo a maldade

ultrapassada.


Sobram cicatrizes em calosidades:

esquecer ainda é o maior mistério.


Crescer

A antevisão do inferno

conforma a figura ensinada

enquanto criança: ter sido

criança antes

da história

adulterada


o menino ativa idéias

descomunais ao corpo

ingente, purgado

em vitaminas inexistentes


o inferno desdobrado

em passos: passado

recoberto em eras.

Floresta desbastada.



Desprezo

Desprezado ao sustento

despedaço o corpo à estrada: ir e vir

em bifurcado

corpo


estraçalho a vontade

ao recontar pedaços

inaproveitáveis


repouso antes da viagem

na longitude programada


imerso em pensamentos

penso a passagem

do pássaro escalado

ao morro atrás da casa


ao sustento identifico

a fome: restam fatias

intercaladas.
/////

A dança (Ádlei Carvalho)

http://adleicarvalho.blogspot.com/




A vida não nos conta a verdade

Tão clara e despretenciosamente

Feito uma semente,

Um riso de criança.

Há tantos rios a correr,

Tantos estágios,

Tanta terra a vencer,

Muitas pedras,

Lágrimas, naufrágios…

Tanto vazio

Em tanta abundância,

Tanto se encontrar

Em se perder!

Nos descaminhos

É que a verdade se oculta.

No tropeço

Se esconde a dança.
/////