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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Aos poetas suicidas (Teresinka Pereira)

(Dennis Kann se suicidou a 12 de fevereiro de 2002)






Suas almas ao vento


seus corpos ao céu


da nossa dor.






A morte chegaria tarde demais:


tiveram que ir


ao seu encontro


e nada, nem ninguém


pode evitá-lo.






Poetas desolados:


seu silêncio é uma ferida


em minha voz.


/////

Certos versos-passarinhos (Silmar Bohrer)



E cantam com eloquência
os joões-de-barro cantores,
meus prediletos tenores,
artistas por excelência.


Gaivotas esvoaçantes
nas planuras litorâneas
são imagens instantâneas
como nunca vistas dantes.


Os canários fazem festa
em saudável ladainha,
tem sido a sua gesta
o vem e vai à quirerinha.


E voltaram as andorinhas
para a cantiga dos beirais,
cantando afinadinhas
como nunca dantes jamais.


Canários cantarolando
nestas tardes estivais,
felizes, vão entoando
cantigas do nunca mais.


As corruíras são pecinhas
do ambiente caseiro,
entoam o dia inteiro
o seu canto animadinhas.


Sabiás saltitam salseiros
ali no gramado verdinho,
viventes velozes vozeiros,
vivificam meu mundinho.


Esvoaçantes, ligeiros,
os beija-flores passando,
vão os ares desafiando
os pequeninos romeiros.


Nenhuma folha se agita
neste mundo minudêncio,
o bem-te-vi já não grita,
meu "bosco" é só silêncio.


Canarinhos andam em festa
nestas tardes estivais,
fazem bem à nossa gesta,
amainando alguns ais.


O joão-de-barro feliz
a cantar alegremente
com a sua voz estridente
e do mais variado matiz.


Voltaram as andorinhas
ao convívio dos beirais,
cantorias e ladainhas
nos bons tempos estivais.


Sentado no meu "bosquinho"
junto aos verdes queridos
sempre ouvindo os alaridos
dos cantores passarinhos.


Versos são como passarinhos
desejando sempre voar,
até mesmo os pequenininhos
querem voos altos alçar.


Barra do Saí, 060111
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