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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Três poemas de Pedro Du Bois


(Marc Chagall, Acima da cidade)



VOZES

Sendo apenas
a voz
no discurso
incompleto

engloba verbos
             substantivados: às vozes
                                     cabem sons
                                     exemplificados

                      (não atos
                       concretados)

a voz sobre
         a aversão aos fatos.




OUVIR

Ouço o corpo em lembranças,
estremeço; penetro a música
e me expando em cantos: letreiros
iluminam as ruas, a dor opaca
o caminho: em mesas reunidos
homens desdenham a farsa
da novidade. O corpo alenta
o desejo; entrevejo o fogo
apagado. Danço o terminar
da hora; esqueço ao atormentar
espíritos. A ultimação
do fato transfigura
o papel em desenhos.




RECOMEÇO

Sou remanescente, lado avesso
ao desconhecimento. O oposto ao corpo,
luz. A bravura da ovelha, o cão guardando
o rebanho. Recomeço.

Habito terras desprezadas e me faço estéril
pensamento. Guardo a palavra.

Sou vento impreciso e ágil
sobre a cobertura. Espalho a poeira
e a misturo entre lajes.




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Pedro Du Bois - Poemas
Jornal - Correio do Município
Meio Tom - Poesia e Prosa
Revista Cerrado Cultural
Modus vivendi
Literatas - Revista de Literatura Moçambicana

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Liberalismo?* (Manuel Soares Bulcão Neto)



O Liberalismo, doutrina iluminista, prima pela defesa das liberdades individuais. Em seu mythus (lockeano) do contrato social jazem explícitas as ideias do indivíduo não como meio, mas como fim em si mesmo; da sociedade a serviço dos homens considerados um a um – e não como serva da Humanidade abstrata, do engrandecimento da pátria? –; da liberdade do outro como limite à minha liberdade.