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terça-feira, 1 de março de 2011

Nilto Maciel - Para Leitores Apaixonados! (Kaya)

Nito Maciel
OS CONTOS REUNIDOS DE UM MESTRE RECRIADOR DA AVENTURA HUMANA

Cantam suas insistências os sapos nos brejais, os recentes brejais nascidos nesses dias chuvosos, abundantemente, como se fossem os primeiros dias nascidos de um mundo novo e vasto. Somam-se os sapos a grilos e a pássaros e à umidade das cores grávidas de mais cores, revelações de recém-vidas, mesmo que breves, quiméricas em suas graças. A natureza goza seus ciclos, enfrentando a devastação, o plástico, a fuligem, os rancores e outros monstros que o homem ― este intrínseco estranho ser em nós a ser nós mesmos ― cria e recria, incessantemente. A natureza chora e explode o milagre ante nossos olhos e olfatos. Chove. Chove na ferrugem das segundas-feiras, e um sábio transpira de pena à mão sobre o incêndio da vida.

Outra vez, Nilto Maciel (Henrique Marques-Samyn)



Uma das narrativas presentes neste segundo volume de Contos reunidos, de Nilto Maciel (Bestiário, 2010), tem por título "Os monstrinhos de doze anos". Breve, trata o texto de umas "criaturinhas defeituosas, semelhantes a pequenos monstros" que aparecem como uma "verdadeira peste" após uma explosão que mata alguns operários "desclassificados", acidente esse lido pelas autoridades como "pura invenção de bolchevistas"; criaturas que acabam morrendo carbonizadas, "vítimas de sua monstruosidade sanguinária", lideradas por Armando, filho de um boêmio patriota que nunca ouvira falar da tal explosão.