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quarta-feira, 2 de março de 2011

Caminheiros (Pedro Salgueiro)

pedrosalgueiro64@yahoo.com.br




Desde que me entendo por gente gosto de caminhar. Minha mãe atesta que andei cedo, muito tempo antes de balbuciar as primeiras palavras. Desde então me tornei este ser estranho que vagueia pelas ruas de minha cidade, de preferência em surdina, assim meio de esguelha e pelo ladinho da sombra. Perscrutando conversas, bisbilhotando janelas, aparando (com o chinelão) arestas de pedras das coxias.

Um punhal em cada bolso, um medo em cada olho.

Reynaldo Jardim (Alaor Barbosa)


(Reynaldo Jardim)


Faleceu há poucas semanas em Brasília, com 84 anos de idade, o jornalista e poeta Reynaldo Jardim. Ele levou consigo um período particularmente significativo da minha vida, do qual participou com muita força, mas, assim me parece, sem saber que sua participação era importante e sempre influente e, ao menos em um momento, decisiva. Fazer um registro memorial desse trecho da minha adolescência e juventude com o fim precípuo de constituir um pequeno e sentido depoimento a respeito da personalidade singular de Reynaldo Jardim me parece um dever que não posso me recusar a cumprir.

Seu nome completo era Reynaldo Jardim da Silveira – coisa que só vim a saber muito tempo depois que o conheci, em meados de 1956, no Rio de Janeiro. Tinha eu, portanto, 16 anos de idade. Ele, 30 - nascido que foi em 1926. Em São Paulo, Capital.