Dava-se dia ensolarado e, à calçada, encontrei aquele escritor que acabara de lançar o livro príncipe. Poesia, para variar e aderir à coorte. O “poeta”, reconhecendo-me em suposta conta de intelectual — tal como o próprio, certamente — discorreu sobre o sucesso do lançamento de tão aguardada obra. Sorrisando largo o olhar faiscante, segredou, com devido anúncio de reserva, que o TT da madrugada anunciara — coisa que fez também, e ele não sabia, com todos os 500 usuários de seu espaço cultural —, o recorde, o maior sucesso da história de lançamentos nesta província.
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sexta-feira, 18 de março de 2011
quinta-feira, 17 de março de 2011
Sarapalha (W. J. Solha)
Fui palestrante num dos Seminários Internacionais Guimarães Rosa, na PUC Minas, e, a partir de então, comecei a receber e-mails assinados com codinomes tirados da portentosa galeria de personagens do escritor mineiro, tipo “Quelemém”, “sié Marques”, “Manuelzão”, “Fulorêncio”, “Zé Bebelo” ou “Miguilim”, com mensagens sempre marcadas por enorme entusiasmo pela obra rosiana. Aí um certo “Augusto Matraga” me tornou sócio da AAMCGR – Associação dos Amigos do Museu Casa de Guimarães Rosa, de Cordisburgo; uma tal de “Maria Deodorina da Fé Bettancourt Marins” me encomendou – e pagou – um artigo sobre a geografia do conto “Sarapalha” para a revista Sagarana de Cultura e Turismo; um esquivo “Dr. Meigo de Lima” – ciente de que eu estava de férias na UFPb – me mandou passagem de ida e volta para aquela área, e – lá – um guia, contratado por um “Pacamã-de-presas”, me embarcou numa canoa do Rio Pará até a fazenda Aurora (que seria a Sarapalha do primo Ribeiro, na estória). Daí por diante não ocorreu um evento vinculado ao Grande sertão: veredas, Corpo de baile ou Tutaméia para o qual eu não fosse convidado por um “Riobaldo”, “Malinácio”, “Quipes” ou “Guirigó”, fosse onde fosse. Na II FLIP – Festa Literária de Parati, que aconteceu em 2004, quando vi o grande Davi Arrigucci Jr. ser ovacionado durante o discurso de abertura ao dizer que Guimarães Rosa foi um dos maiores escritores do Século XX, à altura de Faulkner e James Joyce, eu, sentado numa das primeiras filas da platéia, voltei-me e desconfiei que todos aqueles que o aplaudiam de pé eram todos meus – não sabia por que anônimos – correspondentes e patronos. Como GR é chamado por muitos de brazilian Joyce (o que não deixa de humilhar o elogiado, colocando-o num segundo escalão internacional, o dos seguidores locais do irlandês que pipocaram por um bom tempo em toda parte), o delírio da claque foi ainda maior quando o orador garantiu:
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