Inventário de esperanças e sucessão vertiginosa de experiências de um líder estudantil
(Clemente Rosas)
Bancário com carreira no sertão e na capital paraibanos, tive enorme inveja quando comecei a trocar e-mails - há dois ou três anos - com vários colegas do BB, também escritores, mas que tiveram carreira internacional no Banco do Brasil: Esdras do Nascimento, Ivo Barroso e Carlos Trigueiro – todos agora no Rio. Do mesmo modo, lembro-me – com imenso complexo de inferioridade - da figura lendária em que se tornou um tal de Manoelzinho, que aprendera a ler sozinho aos quinze anos, nas abas de uma serra da região de Pombal, onde vivi; fora pro seminário de Cajazeiras, perto dali; trocara a batina por um emprego no Bradesco, em Recife; se mandara pro Rio – aprovado em concursos da Petrobrás, Banco do Brasil e Banco do Estado de São Paulo, optando pelo primeiro – até que, ante a repressão da ditadura, matriculara-se na Sorbonne, na França, desviando-se de lá pra Universidade Patrice Lumumba, de Moscou, onde morrera algum tempo depois, devido a um tumor no cérebro. Transformei sua trajetória – tão fascinante me parecera - na de meu personagem Zé Medeiros, em meu até hoje inédito romance “Dricas”.