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terça-feira, 24 de maio de 2011

A era da incerteza (W. J. Solha*)

(Karl Marx)


Todo mundo conhece a lenda folclórica hindu em que sete cegos se deparam, pela primeira vez, com um elefante. Vivi algo semelhante em 1992, depois de ver vários VTs do concerto “Os Indispensáveis”, com música do Eli-Eri, texto meu, participação de vários solistas, sinfônica, grupo de dança Sem Censura e coral da UFPB. Cada um desses VTs foi encomendado por um participante, e o resultado foi que nenhuma das versões afinal disponíveis mostrou o espetáculo como um todo. O contratado por Eli-Eri concentrara-se no maestro, o tenor Elton foi quase que onipresente na sua versão, uma das dançarinas também centralizou totalmente a fita que encomendara, e assim por diante. Eli-Eri percebeu a mancada e me pediu que fizesse uma cópia que juntasse todos aqueles pontos de vista numa montagem cinematográfica da coisa, e foi só quando todos tivemos uma visão de conjunto do que vivêramos.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A última carta (Abel Sidney)



Desde que cheguei a esta região de caboclos, botos e igapós, fiz questão de demarcar as etapas de minha vida.
Deixei o passado nos limites do cerrado, no distante Mato Grosso. Para ser mais preciso, em Nobres, num trecho de estrada que não mais existe.
Eu trabalhei no asfaltamento da rodovia que liga Brasília ao Acre, a BR-364. Ela passava pelas minhas pouco férteis terras em Nobres, para adiante seguir, atravessando as reservas dos índios Parecis e Nhambiquaras, rasgando mais adiante ainda os mais terríveis areões que se pudesse sonhar existir.