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terça-feira, 19 de julho de 2011

Estátua (Carlos Nóbrega)



A minha ruga da raiva
risca meu rosto de rusga
A minha ruga da dúvida
risca meu rosto de busca.
A minha testa é um texto
que escreve e apaga meu susto
Sim eu tenho esse rosto
que enquanto existe é meu busto
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segunda-feira, 18 de julho de 2011

O amigo dos anjos (Pedro Salgueiro)

(José Alcides Pinto)


"Apago o incêndio do olho
com um simples gesto da mão.
Ando com minha bengala:
a perna esquerda mecânica.
Sou o fantasma de minha rua.
O aleijado mais trágico do meu país.
Ninguém me ama
mas sou amigo do Anjo.
Não negocio a paz do morto
nem o silêncio do meio-dia.
Caminho à sombra de Deus.
O sol me ilumina.
Durmo todo o inverno, à beira dos rios.
Acordo no estio com o canto das cigarras.”
(José Alcides Pinto)