Abriu a janela e sentiu o clarão do sol ofuscar-lhe os olhos. A visão externa era o único privilégio daquele pequeno edifício velho com listas de rachaduras verticais e sinuosas que de repente se perdiam num emaranhado de formas indecifráveis. Era um quadro abstrato e sujo que contrastava com os edifícios de cores vivas e de formas arquitetônicas arrojadas e simétricas da vizinhança.
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quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Dostoievski e os pobres de São Petersburgo (Adelto Gonçalves*)
I
SÃO PETERSBURGO – Ao contrário do que ocorre com quem tenta reconstruir, ao menos na imaginação, o Rio de Janeiro oitocentista de Machado de Assis (1839-1908), do qual quase nada resta, quem vai em busca da São Petersburgo de Fiodor Dostoievski (1821-1881) acaba por encontrar muitos prédios e logradouros que lá estão desde os tempos em que o escritor russo perambulava por lá com seu chapéu negro de feltro nos dias de inverno. Quem chegou a São Petersburgo neste verão de 2011, com um pouco de sorte, pôde participar do Dia de Dostoievski, a dia 2 de julho, que foi comemorado pela segunda vez.
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