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terça-feira, 30 de agosto de 2011

A escrita da precisão (Dellano Rios)

(Diário do Nordeste, Caderno 3, Fortaleza, 30 de agosto de 2011)



Um dos principais nomes da arte do conto (numa terra fértil em contistas), Nilto Maciel lança seu novo livro, reunião de histórias inéditas, entre guardados e novas produções


Nascido em Baturité, o escritor Nilto Maciel é autor de uma obra que ganha intensidade com o tempo. Não que os feitos do passado sejam poucos. Ainda em 1977, ele organizou, com Glauco Mattoso, uma antologia do conto marginal "Queda de Braço". Contudo, ao invés de muitos veteranos que perdem o fôlego e se entregam ao ocaso de obras repetitivas, Maciel está disposto a arriscar-se, não só em contos e romances novos, mas no trabalho como blogueiro (em que divulga o trabalho de novos e velhos autores, não devidamente apreciados) e como antologista (vide a indispensável "Contistas do Ceará: D´A Quinzena ao Caos Portátil", de 2008).

Novos contos de Nilto Maciel

(Jornal O Povo / Vida & Arte, Fortaleza, Ceará, 30 de agosto de 2011)


LUZ VERMELHA QUE SE AZULA
O quê: Lançamento do novo livro do escritor Nilto Maciel
Quando: hoje, às 19h
Onde: Galeria do Teatro Sesc Emiliano Queiroz (Av. Duque de Caxias, 1701)
Preço do livro: R$ 20
Outras info.: (85) 3452 9032

Considerado um dos escritores mais atuantes do cenário literário da Cidade, Nilto Maciel lança novo livro hoje no Sesc Emiliano Queiroz. Luz vermelha que se azula reúne contos inéditos do autor escritos nos últimos cinco anos, além de guardados que agora vêm a público. “O que eu tinha que escrever, eu já escrevi”, afirma Nilto Maciel, 66. O escritor cearense publicou duas dezenas de livros desde a estreia em 1974 com os contos de Itinerário. Mas, apesar da sua avaliação, Nilto não parece ter dado o serviço por acabado. Hoje, ele lança Luz vermelha que se azula, às 19 horas, no Sesc Emiliano Queiroz, em mais uma edição do projeto Bazar das Letras. Na ocasião, o autor será entrevistado pelo também escritor Roberto Vazconcelos e deve falar sobre sua experiência na década de 1970 com o jornal literário O Saco, dos 25 anos em que morou em Brasília e de sua produção mais recente.

Há quase 10 anos de volta a Fortaleza – retorno proporcionado pela aposentadoria do funcionalismo público –, Nilto é um dos escritores mais atuantes do cenário literário da Cidade. Escreve prefácios e orelhas, opina sobre originais e diz se corresponder diariamente com ao menos 20 pessoas diferentes. Seus dias são dedicados à sua escrita e à leitura de poemas, contos e romances enviados de todo o Brasil, ansiosos por críticas, geralmente publicadas no blog que edita (niltomaciel.blog.uol.com.br).

Nos momentos em que não está agarrado aos livros ou escrevendo no computador, pode ser encontrado em algum bar do Benfica, acompanhado dos amigos escritores Pedro Salgueiro e Raymundo Netto, e, mais raramente, no Clube do Bode (Flórida Bar) ou no Ideal Clube. Mas sempre mantendo certa independência. “Não gosto de participar de grupos, porque é uma ciumeira danada”, considera. Nas duas vezes nas quais foi convidado para integrar academias literárias, uma em Brasília (Academia de Letras do Brasil), outra por aqui (Academia de Letras e Artes do Nordeste), foi incluído à revelia no quadro dos acadêmicos

O livro Luz vermelha que se azula é o seu nono volume de contos. Vencedor do Prêmio Moreira Campos, da Secretaria de Cultura do Ceará (Secult), reúne textos dos últimos cinco anos, escritos após o lançamento de A Leste da Morte (2006), afora alguns outros que estavam engavetados há pelo menos duas décadas e que agora vêm a público. Dividido em três partes, a obra tem seus textos distribuídos entre contos “acolhidos”, “lembrados” e “engendrados”.

Os primeiros, como explica o próprio autor no prefácio, contos “ditados pelo inconsciente”, inspirados em imagens que emergem na mente do escritor; em seguida, textos enredados nas memória da infância e adolescência de Nilto, escritos a partir de rememorações suas; por último, uma série de pequenos contos sobre personalidades históricas, tais como Charles Darwin, Nero, Papa Leão X, Hitler – estes deveriam integrar um único volume, mas são publicados agora depois de a primeira parte dos “perfis” ter sido publicada no livro Pescoço de girafa na poeira, em 1999.

“Escrevo e leio, é só o que eu faço hoje”, conta. Além da conclusão de Luz vermelha que se azula, ele revela estar trabalhando atualmente em outro livro de contos e em mais um romance. Não bastasse, está prevista a reedição de seu Os Guerreiros de Monte-Mor, romance histórico publicado em 1988 que traz no título o antigo nome de sua cidade natal, Baturité.

Quem

ENTENDA A NOTÍCIA

Nilto Maciel é cearense de Baturité. Formado em Direito pela Universidade Federal do Ceará, criou, na década de 1970, ao lado de outros jovens escritores, a revista O Saco. É autor de vários títulos, recebendo diferentes prêmios.

BIBLIOGRAFIA
Itinerário (contos, 1974)
Tempos de Mula Preta (contos, 1981)
A Guerra da Donzela (novela, 1982)
Punhalzinho Cravado de Ódio (contos, 1986)
Estaca Zero (romance, 1987)
Os Guerreiros de Monte-Mor (romance, 1988)
O Cabra que Virou Bode (romance, 1991)
As Insolentes Patas do Cão (contos, 1991)
Os Varões de Palma (romance, 1994)
Navegador (poemas, 1996)
Babel (contos, 1997)
A Rosa Gótica (romance, 1997)
Vasto Abismo (novelas, 1998)
Pescoço de Girafa na Poeira (contos, 1999)
A Última Noite de Helena (romance, 2003)
Os Luzeiros do Mundo (romance, 2005)
Panorama do Conto Cearense (ensaio, 2005)
A Leste da Morte (contos, 2006)
Carnavalha (romance, 2007)
Contistas do Ceará: d’A Quizena ao Caos Portátil (ensaio, 2008)
Contos reunidos – volume I (2009)
Contos reunidos – volume II (2010)
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