Translate

domingo, 2 de outubro de 2011

Sísifo (Emanuel Medeiros Vieira)

(Em memória de Beluco Marra)


Incansavelmente
bordo a túnica do passado.
Exausto, teço e desteço.
Acumulo, nunca unifico: sigo a jornada –
Sísifo da solidão planetária.


Sim, teço.
Mas é próprio do meu barro destecer sempre.
(Resta-me a memória do mundo.)


Um pouco de Mozart, e este amanhecer azul.
Celebro o instante:
se não posso convertê-lo em sempre
(sou finito),
abraço – como um náufrago sorridente.
/////

sábado, 1 de outubro de 2011

Quando meu amigo Lúcio Flávio se foi (Pedro Salgueiro)


(Enterro na rede, Cândido Portinari)

Uns choraram feito crianças (um merecido choro), afinal tinham perdido um amigo daqueles que não se encontra em calçada alta.

Outros reclamaram de Deus, por ter levado tão cedo uma alma tão boa, ensaiaram pequenas blasfêmias.