Translate

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Fronteiras (Pedro Du Bois)




Na fronteira passo minha inexistência.
Trêmulas bandeiras desencontradas
evitam a minha mão. Desfaço os nós
presos ao estribilho e torno o hino
impatriótico na universalidade.
Espaço o caminho das ultrapassagens.
Ao lado é estar aqui na consequência.

/////

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Os escombros (João Soares Neto)



 
Não, não acreditava. Acordara da sedação imposta e passara a mão no lado vazio da cama. Ainda tinha o cheiro dele. Aquele cheiro forte, acre, que o seu olfato identificava tão bem e mexia com seu corpo. Bastava sentir o cheiro e estava pronta. Ele não se fazia de rogado. Tirava a farda de bombeiro e a puxava para a cama. Faziam amor até quase desmaiar. Era amor bruto, em que tudo acontecia. A língua dele penetrava em suas narinas, acendia um fogo que a deixava molhada e em êxtase. Não entendia. Um dia, perguntaria a uma amiga se isso já lhe acontecera alguma vez. Dormiam nus, atravessados na cama. A grossa perna dele por cima de seu corpo esguio. Era bom sentir o peso do seu homem.