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sábado, 10 de março de 2012

Lima Barreto e o refúgio dos infelizes (Adelto Gonçalves*)



(Lima Barreto)

I

Não se pode dizer que a reedição de Clara dos Anjos, de Lima Barreto (1881-1922), que narra as desventuras de uma adolescente pobre e mulata, filha de um carteiro, seduzida por um malandro branco, apesar das cautelas familiares, seja uma boa oportunidade para se reavaliar o conceito emitido por antigos críticos segundo o qual este romance que não estaria à altura da melhor produção de seu autor. Não está mesmo. Se não constitui um romance de todo falhado, a verdade é que, se comparado com os de Machado de Assis (1839-1908), cujas origens sociais são idênticas às de Lima Barreto, este livro deixa a desejar em alguns aspectos, inclusive, em certa pobreza vocabular, ainda que seja fundamental conhecê-lo para se entender a grandeza de toda a obra do autor.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Entrevista com o romancista Carlos Trigueiro (Hilton Valeriano)

(Originalmente publicado em www.poesiadiversidade.blogspot.com)

(Escritor Carlos Trigueiro)

1 – Quando ocorreu seu contato inicial com a literatura? Quais são suas influências literárias e quais escritores contemporâneos você destacaria na cena atual da literatura brasileira?

CT: Meu pai era Mestre de Banda Militar e, quando em casa, costumava cantarolar marchas, canções e dobrados. Versos musicados de Catulo da Paixão Cearense, Olavo Bilac, Evaristo da Veiga, dentre outros, embalaram meu sono e meus sonhos nas redes daquela Manaus do segundo pós-guerra. Por outro lado, minha mãe, nascida e criada à beira de rios e igarapés no interior do Amazonas, costumava recitar, durante as suas fainas domésticas, poemas que exaltavam a vida dos caboclos ribeirinhos e os mistérios e encantos da floresta. Versos do poeta regional, Hemetério Cabrinha, ficaram para sempre na minha memória. Mas a centelha que deflagrou o meu entusiasmo pela literatura foi o prêmio escolar que ganhei aos 10 anos de idade, já vivendo em Fortaleza, Ceará: As aventuras de Tom Sawyer – de Mark Twain – o primeiro livro de ficção que eu li – e também a minha primeira paixão literária.