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segunda-feira, 26 de março de 2012

Entre o épico e o thriller (Henrique Marques-Samyn)




Já pela referência tolstoiana em seu título, Arkáditch cria uma expectativa: de que será um livro sobre livros − o que não é necessariamente ruim, uma vez que a literatura sobre literatura sempre foi praticada (essa é, aliás, uma dimensão constitutiva de toda obra literária, ainda que nem todos os autores o explicitem; entre os que tentaram ocultá-la, talvez os mais radicais tenham sido os neo-realistas do princípio do século XX). Não obstante, a expectativa criada por W. J. Solha é desfeita já nas primeiras páginas do romance, em que assoma um turbilhão de referências concretas, configurando o âmbito em que se situa a narrativa (João Pessoa) e denunciando a proposta de se compor não uma ficção sobre a ficção, mas sobre os liames entre a literatura e a vida, com larga vantagem para a última. O texto de orelha, aliás, cuida de enfatizar que “o autor criou personagens em que se serviu de várias experiências vividas por ele mesmo”, arrolando exemplos: Zé Medeiros, o protagonista, tem um filho presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, instituição da qual o próprio Solha foi um dos diretores, na década de 1980; Solha tem um filho baixista, enquanto Zé Medeiros tem uma filha cellista, e assim por diante.

domingo, 25 de março de 2012

O sangue de um poeta (Guido Bilharinho*)

A transgressão do real



Em geral, tanto o leitor como o espectador querem usufruir de uma estória, em livro, filme ou peça teatral. Não uma estória qualquer, mas, a que se submeta, quanto à forma, à narração convencional e comportada e, no que tange ao conteúdo, à linearidade e superficialidade que a recheiem com aspectos espetaculosos, intrigantes, superficiais.