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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Entre orvalho e ferrugem (Webston Moura*)


Stillebern mit Oleander - Vincent van Gogh


“A meus pés ― de um cachorro
cujo nome desconheço ― jorra afeto”
(Lenilde Freitas)



No sereno em que recolho bile e mel,
sussurra-me, íntima,  Milla Jovovich
nua: os olhos azuis (tudo imagino,
e como).

Quem vê estes vitrais que preparo,
a elegância desta bicicleta estendida
ao sol brando de uma tarde antiga
numa cidade do interior?
(Lá se vai Helena a pedalar;
Cecília e seu algodão,
pirulito, pipoca, fita no cabelo).


Até Deus é matéria vulgar ao trato dos homens,
que estes, lobos que o são, O fazem chicletes,
miçanga e pêssego industrial a graus de plástico:
balbúrdia.


Ainda assim a poesia resiste
(ínfima e lágrima)
à velocidade e à fumaça.

*Webston Moura mora em Russas, interior do Ceará e guarda os blogs Arcanos Grávidos e Ótima Música.
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Créditos da imagem: Wikimedia Commons
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domingo, 13 de maio de 2012

Dia das mães (Teresinka Pereira)


Há uma foto de minha mãe
na solidão de meu quarto.
A seu lado trazem saudades
fotos de outras mães
que acariciam
minhas lembranças.
Não tenho nada a queixar:
tive na vida braços
que me levaram ao berço,
e cantigas de ninar
que me davam ilusões
nas noites para dormir feliz.
Como mães foram também
meu pai, minha tia e minha avó.
Com o tempo, todos se foram
à mais serena noite...

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