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sexta-feira, 22 de junho de 2012

As gerações literárias do Ceará (Jarbas Junior)



(Casa de Juvenal Galeno, pátio interno, em Fortaleza, Ceará)

Tudo começou na década de 70, com o Clube dos Poetas Cearenses na Casa Juvenal Galeno, perto do teatro José de Alencar; éramos 25 promissoras vocações literárias, todos com alguma poesia na gaveta. Márcio Catunda, em 75 era o presidente da instituição. Havia o Carneiro Portela, Mário Gomes, Dimas Macedo, Natalício Barroso, Nilto Maciel, Barros Pinho, o sonetista Júlio Ribeiro, Batista de Lima; lembrar nomes, às vezes, é cruel; recordo agora um título de livro admirável – Roteiro dos pássaros – e a memória falha, em declinar o autor. Época formidável; nossas reuniões ocorriam sábado à noite, depois, íamos a Emcetur tomar uns tragos e paquerar musas de sorriso fácil.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Carrapicho (Luiz Martins da Silva)

 (Antoine Watteau, Os prazeres do amor)

Guardei-a, afeito ao rijo e rude velcro,
Às melhores imagens de um bom tempo;
Ainda lá, no mesmo nicho, bem estreito,
Cingindo-nos em único e presto arbusto.

Lábios mais são garras, unhas de agregar vinhas;
Andorinhas, notas, pingos, chuviscos, melodias...
Mais ainda são os olhos, claves da memória;
Justo o não-sólido é o que mais se faz lua cheia.

Exatamente, por não se ferirem de matéria,
São majestosas geometrias, invisíveis catedrais,
Tapetes do sem fim pelos mármores da ternura.

Sou, hoje, ávido grude, minha parte temerária;
De buscar a ti e a tua parte, nem sempre sôfrega,
De viver como eu, o que é de nós e o quanto antes.

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